O que faz, hoje, as pessoas irem para grandes festivais, como o Rock in Rio? E por que esse ainda é um espaço de relevância para as marcas? Essas eram as duas perguntas que me confrontavam repetidamente, do momento em que os primeiros briefs de marcas chegaram até o dia em que pisei na Cidade do Rock. É evidente que a reabertura dos serviços e a volta dos grandes eventos ajudam a aplacar nossa vontade suprimida por estarmos juntos, mas o que mais poderia haver além da euforia do retorno?

No Twitter, conseguimos entender, através da conversa pública, como os hábitos das pessoas foram se transformando ao longo da pandemia até o momento presente, no pós lock-down. É possível notar o surgimento de dois comportamentos complementares. Um deles diz respeito ao desejo por viver emoções que nos relembram sobre nossa experiência de humanidade ou que, no léxico nietzscheano, podemos colocar como "humano, demasiado humano".

O outro tem como foco uma busca ainda mais intencional sobre propósito, sentido e, no caso das relações que as pessoas constroem com as marcas, genuinidade. A partir desses dois comportamentos, vemos que o universo de significantes do Rock in Rio se expandiu e se enriqueceu.

Isso pode ser constatado no próprio line-up, que trouxe artistas de vertentes musicais que foram muito além do rock, fazendo com que a emblemática frase "hoje é dia de rock, bebê" ficasse pequena. A pluralidade de estilos implicou naturalmente na pluralidade da audiência, atraída pelas atrações que variaram de Green Day à Ivete Sangalo, de Coldplay à Macy Gray, de Alok a Ludmilla - melhor show do evento na minha opinião. Essa pluralidade também foi sentida nos squads de criadores que estiveram no evento, trazendo novas perspectivas e pontos de vista.

No que diz respeito às marcas, o Rock in Rio foi o palco para que elas pudessem se aproximar dessas audiências não somente através da música, mas também de suas crenças. Vimos Natura reafirmar a potência e a importância da Amazônia, Heineken endossando a sustentabilidade através da coleta dos copos e plásticos e Americanas trazendo o discurso da acessibilidade com contundência. São pautas que, em sua essência, escapam do território da música, mas foi exatamente ela que aumentou seu volume, gerando conversas.

Por fim, as barreiras físicas do evento também se expandiram, fazendo com que a dinâmica híbrida também fizesse sentido aqui. Marcas como o Itaú, por exemplo, não só garantiram uma boa experiência para quem estava na Cidade do Rock, como também se colocaram como pontes de conexão entre sua arena e seus canais digitais, oferecendo para as pessoas que estavam em casa a possibilidade de participar, indo além do papel de espectadores.

São marcas que praticaram a escuta ativa, sendo capazes de conversar, reagir e identificar novas oportunidades a partir de tudo que estava sendo falado e em tempo real.

Chegamos ao final do Rock in Rio com uma nova fotografia do que ele representa e que responde às minhas perguntas iniciais: o evento se transformou numa arena de conexões e de convicções capazes de gerar uma relação íntima entre as pessoas e também com as marcas. Um momento em que a paixão pela música é o elemento ao redor do qual gravitam outras conversas, que formam uma trama rica, cheia de camadas. E o que fica evidente é que essa nova maneira de estar presente em grandes eventos será a tônica daqui pra frente e que ajudará as marcas na disputa pela atenção das pessoas. Já imaginou como vai ser na Copa?

Rafael Camilo é líder de Twitter Next no Brasil