Participar de um festival da grandiosidade do SXSW e tentar descrever é realmente uma missão bem difícil. É uma imersão gigantesca e atende aos 3 principais pilares do que considero para termos um evento poderoso: conteúdo, experiencia e conexões.

Em relação ao conteúdo, a temática é extremamente diversa: tem para todos os gostos e todas as áreas. Quando esperamos muito das tendencias tecnológicas que serão lançadas no evento, nos surpreendemos com os conteúdos principais dando um passo para trás e nos mostrando a importância do ser humano para controlar o mundo digital – e não substituindo, como todos temos receios.

Momentos de extrema reflexão, como na palestra de abertura de Simran Jeet Singh, diretor executivo no programa de Religião e Sociedade do Aspen Institute e autor do best seller “The light we give”, que contou sua história de vida e dos preconceitos que já viveu, sobre reconhecer os desafios, enfrentá-los com nossos valores e tentar encontrar a luz nesses momentos; e alguns de decepção, quando muito se espera de uma palestra que acaba sendo extremamente rasa, como a grande expectativa na palestra de Greg Brockman, cofundador do ChatGPT, que contou como foi a ideia de criar a plataforma com Elon Musk, mas preferiu ser superficial em responder questões como se os humanos vão perder o emprego para os robôs ou qual a projeção de novas interferências dos mesmos.

A verdade é que, algumas vezes, nos questionamos se vale realmente a pena ir até o SXSW apenas pelos conteúdos – que muitas vezes ficarão disponíveis posteriormente ou que encontramos facilmente nas redes.

Um evento que é direcionado para área de criação e inovação deveria atrair os marketeiros de plantão. E é aí que mais nos surpreendemos: a quantidade de conexões diversas que ali são realizadas, com pessoas dos mais diversos setores. Tem advogado, médico, chef de cozinha, economista, curiosos... Tem realmente de tudo, e é essa mistura que deixa a experiencia ainda mais rica.

Na minha percepção, o SXSW é um evento muito mais sobre conexão, um lugar que todos estão abertos a trocas, todo mundo faz questão de ficar na fila e conhecer o coleguinha que muitas vezes vem de outro continente ou de outra área, e são trocas enriquecedoras. Tem reuniões organizadas para os menos caras de pau, que não abordam os outros na fila, ou até mesmo os diversos grupos de Whatsapp entre os 2 mil brasileiros que estiveram por lá e geravam trocas tão ricas que nos guiaram como um verdadeiros Waze na tentativa de aproveitamento máximo – não só do festival em si, mas de todas as dicas de Austin como os shows, restaurantes, festas e pontos turísticos imperdíveis.

Em relação à experiencia, o que mais impacta é um evento que acontece em uma cidade rica e bem estruturada, em vários espaços diferentes, e nos motiva a andar e andar mais para descobrir. Apesar de entendermos que nunca conseguiremos fazer tudo que está disponível, qualquer portinha magica que se abre nos abraça, desde todas as ativações de marca, cada uma do seu jeito, cada uma no seu canto, quanto a Expo de Criatividade ou até mesmo a feira de VR, que nos apresenta um mundo tecnológico com os mais diversos desenvolvedores do mundo.

Cada uma dessas passagens nos faz refletir, nos questionar, tentar comparar e até mesmo eleger o que mais gostamos, ou mesmo responder a pergunta ali em cima: será que vale ir ao SXSW? O que trago de conclusão agora, depois da volta para casa, é que cada um tem um desfecho, cada um tem uma vivência, cada um volta com a sua própria história para compartilhar após viver tudo isso. E para isso, só se perdendo e se encontrando pelas ruas de Austin.

Ana Luisa Manfredini é head de projetos da Onze Marketing e Comunicação