Na semana passada, nos dias 4 e 5 de junho, aconteceu mais uma Feira EBS e o Congresso Mice Brasil. E eu estive lá mais uma vez, participando do conteúdo do congresso.

O evento se propõe a fazer um update do setor conhecido pela sigla Mice (meetings, incentive, conferences & exhibitions).

A nós, da ESG4, coube realizar uma pesquisa junto a hotéis e provedores de serviços de eventos para entender o nível de maturidade dos critérios ESG neste importante setor.

A pesquisa foi realizada com o apoio do Grupo R1 e da EBS. Feita a pesquisa previamente, aproveitamos o próprio evento para apresentar e discutir resultados num painel, moderado por mim, que contou com a presença de líderes do setor: Raffaelle Cecere, CEO do Grupo R1 e membro do conselho do SPC&VB; Paulo Ventura, diretor do Expo Center Norte e presidente da Ubrafe; e Leandro Pimenta, CEO da tg.mob e host do podcast Narrativa Cast.

Divido então com você os resultados da pesquisa. Embora o foco tenha sido os setores de hotelaria e eventos, podemos identificar uma evolução ESG, que parece permear todos os setores da economia.

Antes de mais nada, procurei traçar a evolução ESG e identifico três estágios bem claros.

O primeiro deles é o que eu chamo de Fase Inicial. Apesar de o conceito ESG não ser tão novo, ele pegou tração há uns 5 anos, quando o setor financeiro e a sociedade, de uma maneira geral, começaram a cobrar uma atitude mais responsável e transparente por parte das empresas, em relação ao respeito socioambiental e à governança ética.

Nesta fase inicial, que ainda é realidade para muitas empresas, vimos a sigla ganhar grande visibilidade e ter o seu momento hype, principalmente nos últimos 3 anos.

Houve uma busca de entendimento dos princípios e critérios ESG, uma atitude reativa às demandas pontuais, ações sociais isoladas e uma curiosidade geral, com o despertar de uma atenção aos riscos de imagem.

Passada esta primeira fase, percebemos um momento de Transição. Esta fase de transição é marcada por uma movimentação das empresas mais conscientes na realização de diagnóstico para entender seu nível de engajamento e os gaps existentes. Nesta fase, os colaboradores são envolvidos, gerando discussões internas sobre possíveis ações concretas. São aplicadas ações pontuais de uso racional de água e energia e as empresas buscam uma primeira visão de DE&I (diversidade, equidade e inclusão) na sua estrutura de pessoal.

E, finalmente, estamos alcançando uma fase mais madura, que eu chamo de ESG 2.0. Repito a ressalva de que esta fase de maior maturidade não é observada de uma maneira ampla entre as empresas, mas já é presente naquelas corporações mais suscetíveis ao escrutínio social que precisam se apresentar ao mercado de forma mais consciente e responsável.

ESG 2.0 é fase que marca a incorporação dos critérios ESG na gestão estratégica das empresas. É quando a empresa se preocupa em identificar o impacto nos ODS em todas as suas ações. É quando há gestão e monitoramento de água, energia, resíduos e CO2.

Nesta fase, busca-se a interação e engajamento de stakeholders para melhoria. Adotam-se programas de ações afirmativas para DE&I, procurando espelhar na empresa a diversidade presente no perfil Brasil. É quando começa a acontecer a adoção de métricas e a busca por certificações.

E o que a pesquisa demonstrou é que, apesar do ruído gerado pelo governo dos EUA, desdenhando ESG, as empresas atribuem grande valor à aplicação dos seus critérios.

Analisando a pesquisa, vemos que, para a maioria, o tema ESG já é fundamental e faz parte da estratégia.

Os hotéis estão mais avançados, com 75% declarando esse posicionamento estratégico em relação a ESG.

Para mais de 86% dos entrevistados do setor de eventos, é sensível o aumento de preocupação com ESG na organização de eventos.

Os resultados da pesquisa são alvissareiros e nos fazem acreditar numa fase mais sólida e consistente das práticas ESG nas empresas.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br