Cannes tá aí e, passado esse hiato de dois anos, é nítido observar nossa Indústria absolutamente transformada. Ouvimos de vários setores que, além obviamente de todo caos e a tragédia da pandemia, ela proporcionou uma aceleração de transformações como jamais vimos, que começavam apenas a engatinhar antes dela chegar. Post publicado recentemente pelo amigo Hugo Rodrigues, onde compartilha um dado publicado pela Folha de S.Paulo, escancara um número que, além de curioso, me parece emblemático, também resultado desta aceleração transformadora: hoje temos mais influenciadores do que engenheiro civis, dentistas e arquitetos no Brasil!

Os holofotes de fama e uma boa receita gerada com a nova atividade, somada à situação econômica social do país, e empoderamento desta nova profissão, geraram uma natural e lícita migração de milhares de sonhadores brasileiros. Esse dado denota que nosso papel, como profissionais de marketing e comunicadores, é cada vez mais focado na estratégia de iniciar uma conversa íntegra e robusta, que traga verdade entre marcas e consumidores.

Apesar do número estratosférico de infuencers, me e os pergunto... qual é seu real papel em nosso ecossistema? Qual a eficiência que esta influência provoca, o que realmente muda, e melhora, na transformação de consumidores em reais multiplicadores de nossas mensagens?

Existem já diversos questionamento quanto ao papel superficial de representação de uma marca ou produto por influenciadores, que emprestam apenas sua imagem sem qualquer afinidade ou relevância. Os próximos capítulos da estratégia de influência passam principalmente por credibilidade e reputação, caso contrário, muito dinheiro será gasto e não investido.

Exatamente neste contexto mais profundo, uma série de marcas mais maduras neste processo lançam mão de notabilizar suas estratégias através de canais que possibilitam uma maior profundidade de conteúdo, os podcasts e mais recentemente as plataformas de videocasts. Estes canais, são vias de comunicação hipereficientes e utilizam a participação de influenciadores de maneira apropriada chancelada pela reputação de cada um ligado ao tema discutido, gerando não apenas uma recomendação, mas um debate mais contundente e profundo sobre cada tema, para influenciar através de conteúdo crível e recomendado por especialistas.

Além disso, esses formatos são friendly, pois se adequam ao nosso tempo, à nossa rotina, e isso favorece a construção de uma audiência sólida que consome e engaja com esse conteúdo, diferentemente de outros canais de plataformas mais efêmeras que fazem ações pontuais. O consumo desses conteúdos é mais interessante para as marcas, pois a audiência é que os busca, e não o contrário.

Cito aqui alguns ótimos exemplos de cases de sucesso que estão influenciando profundamente suas audiências. O Google Commerce Connection On Air, entrando já na sua segunda temporada e dedicado ao universo de commerce, trata da evolução das práticas comerciais no universo digital, trazendo para a mesa, a cada episódio do videocast, líderes de marketing de grandes marcas e agências.

Já o Mobilidade no Futuro a CCR se aprofunda sobre o futuro da mobilidade no Brasil, e tem como meta liderar a conversa sobre o assunto. A TecBan, empresa de soluções tecnológicas que integram o físico e o digital, lançou recentemente o podcast Tudo Conectado TecBan, para debater temas sobre tecnologia, negócios, finanças, tendências, comportamento e mercado B2B, a fim de contribuir com o desenvolvimento do ecossistema econômico brasileiro. E por fim, e não menos interessante, a Bayer criou o Agro, Inovação e Sustentabilidade.

Produzida em parceria com o Estúdio Folha, a série de podcasts Agro, Inovação e Sustentabilidade conversa com especialistas, empreendedores, produtores rurais e pesquisadores para apontar soluções e boas práticas para uma agricultura cada vez mais sustentável, que produz com respeito ao meio ambiente, usando soluções inovadoras.

Iniciativas como estas mostram que existe um caminho muito mais interessante de geração de conversa e influência, que transcendem apenas a figura de personas famosas nas estratégias de comunicação das marcas, construindo uma relação mais saudável e crível de recomendações chanceladas por grandes mentes.

Marcelo Lenhard é CEO Hands Ag
marcelo.lenhard@hands.ag