Em 1982, Rita Lee e João Gilberto gravaram a música “Brasil com S”:

“Terra de encanto amor e Sol
Não fala inglês nem espanhol
Quem te conhece não esquece
Meu Brasil é com S”.

Desde então, a tecnologia evoluiu, proporcionando às empresas e aos consumidores o livre comércio das mercadorias entre oriente e ocidente, permitindo que muitas marcas já nasçam globais. Esse é o mundo do Brazil com Z, o país da exportação, do turismo, das cidades globais como São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais brasileiras.

Ainda que se reconheça as grandes vantagens desse país global, é importante lembrarmos a coexistência de um Brasil profundo, rico, com sua terra e sua gente, que move a economia e está cheio de potencial de consumo. Esse é o Brasil com S, e é sobre ele, para ele e por ele que as marcas nacionais devem prestar mais atenção.

O Brasil com S é gigante por natureza, concentra a riqueza do agronegócio, em que a moeda não é o real e, sim, a saca de soja. É desbravador na extração de petróleo, que fez o PIB per capita crescer nas cidades do interior. É, também, exuberante na sua cultura popular, muitas vezes esquecida dos grandes centros urbanos.

O Brasil com S está cada vez mais participativo no produto interno bruto nacional, com o aumento do número de municípios de menor PIB ganhando participação em relação aos de maior. Em 2002, por exemplo, 48 municípios concentravam quase a metade do PIB (49,9%). Já em 2018, foram necessários 71 municípios para alcançar esse mesmo percentual.

E as marcas nacionais e suas agências, como estão avaliando o potencial de consumo desse Brasil, formado por vários Brasis? Aqui é que entra a mídia regional e a adequação da comunicação correta para esse país com S.

Falar de mídia regional é tratar da capacidade das campanhas nacionais chegarem a esses mercados com mais pertinência e relevância. Já não cabe a mesma mensagem “NET” para 5.570 municípios brasileiros, nem utilizar o mar aberto da internet para criar essa relação. Uma campanha regional precisa ser presencial, tem que estar na cidade!

Para isso, a mídia exterior é fundamental, pois ela aproxima a marca com a cidade, que passeia por suas ruas e esquinas. Hoje, com as modernas soluções de geolocalização e dados, é possível planejar e fazer a gestão de mídia OOH nas cidades mais remotas do Brasil.

Com o rádio, a marca se conecta com intimidade, por meio dos seus locutores, com a comunidade local. Para a segurança dos anunciantes, a tecnologia trouxe o streaming, que possibilitou softwares de monitoramento e checking acompanharem em real time a veiculação dos spots, garantindo, assim, uma auditoria completa na campanha.

Nos portais de notícias e jornais da região, a imprensa faz seu papel de cobrir e informar a sociedade, sendo também um porto seguro de notícias para as campanhas dos anunciantes. Nos EUA, infelizmente, com o duopólio do Google e Facebook, mais de 1.800 jornais locais foram a falência, criando um “Deserto de Notícias”. Uma região sem imprensa é uma região abandonada, sem fiscalização, sem voz.

Aqui no Brasil, existem centenas de jornais regionais que, com todas as adversidades, fazem esse trabalho em prol dos munícipios.

Nesse desafio, que é planejar mídia regional e saber se comunicar de forma correta com cada microrregião deste imenso país, vale destacar algumas marcas nacionais que fazem de maneira muito acertada esse trabalho. A TIM é um exemplo, pois sempre cria campanhas que realmente falam o sotaque da praça, além de trabalhar o mix de mídia regional com criatividade e pertinência.

O Boticário, da mesma maneira, desenvolve brilhantemente sua operação de comunicação regional com os mais de 4 mil franqueados, criando, a cada 15 dias, alguma ação de mídia ou promo que está acontecendo na região.

As cooperativas financeiras como Sicredi e Sicoob, por suas vezes, são o retrato desse Brasil com S, local, regional, com moral.

É tempo de voltar há 38 anos para olhar esse lindo Brasil, que Rita e João Gilberto já cantavam.

“Que terra linda assim não há
Com tico-ticos no fubá
Quem te conhece não esquece
Meu Brasil é com S”.

Leonardo Lazzarotto é CEO da Tailor Media