Uma pesquisa realizada no final do ano passado pelo IAB Brasil, (Associação de Mídia Interativa ligada ao  Interactive Advertising Bureau), e a Offerwise, multinacional que atua na área de pesquisas através de plataformas qualitativas e quantitativas, revela interessantes hábitos de consumo dos brasileiros sobre a TV. A pesquisa, intitulada “TV Conectada Brasil 2023: Hábitos de consumo e um panorama sobre a publicidade”, entrevistou 1500 pessoas acima de 18 anos que utilizam dispositivos de TV Conectada, como Smart TVs, streamings e consoles de games.

O perfil da amostra incluiu 53% de mulheres e 47% de homens, nas faixas de 18 até 50+. 60% dos entrevistados pertencem à classe C e 80% têm escolaridade entre ensino médio e ensino superior. O trabalho foi realizado entre outubro e novembro de 2023 e as conclusões só confirmam a força da TV no Brasil. A pesquisa revela que os brasileiros não só estão utilizando mais a TV, mas também têm assistido com mais frequência e por mais tempo. Além disso, a pesquisa mostra que a recepção de anúncios em TV é mais do que bem-vinda.

78% dos entrevistados disseram assistir TV todos os dias ou quase todos os dias. No universo de mais de 40 anos, este percentual é maior: 82% assistem TV com esta frequência. 10% dos entrevistados disseram assistir TV três ou quatro vezes por semana, 7% uma ou duas vezes e apenas 5% menos de uma vez por semana.

Para a pergunta “quanto tempo passam assistindo TV por dia”, 55% dos entrevistados declararam passar entre uma a até mais de quatro horas por dia. Para a maioria dos entrevistados, assistir TV é um momento de lazer compartilhado: a maior parte dos entrevistados assistem TV acompanhados e geralmente na sala de estar. Em outras palavras, a TV continua a reunir as famílias.

Ainda sobre hábitos de consumo, a pesquisa revela que a atuação “multitarefas de mídia” já é uma realidade: 57% dos entrevistados assistem TV enquanto acessam outros dispositivos, como celular, tablets e notebooks. Streamings têm muita força e são assistidos por metade desses internautas – se equiparando à preferência por canais de TV aberta.

O conteúdo importa: a maioria acredita que a maior variedade de conteúdos disponíveis é o principal benefício da TV, além da integração com outros dispositivos e com o conteúdo. Entre os benefícios percebidos pelos entrevistados, a variedade de conteúdos foi considerada importante em 78% das respostas, seguida pela possibilidade de integração com outros dispositivos, como smartphones e tablets (71%), a possibilidade de interação com o conteúdo através de votações e enquetes (69%), enquanto 64% declararam que a experiência de conteúdo personalizado é também um dos benefícios identificados na TV conectada.

Conteúdo, conteúdo, conteúdo: com tantas opções de plataformas de streaming, usuários optam por mais de uma assinatura de streaming. 55% navegam pelos conteúdos antes de decidir o que assistir, e geralmente consideram fácil encontrar o que procuram. 93% dos entrevistados levam em conta recomendações personalizadas de conteúdo na TV.

Quando o assunto é publicidade, 69% viram recentemente algum anúncio na TV e a maioria não se incomoda, muito pelo contrário. 66% acreditam que a personalização das propagandas (ou seja, receber anúncios realmente relevantes), seja positiva para a experiência de assistir TV. Entre os que viram algum anúncio recentemente, 49% acreditam que sejam relevantes, enquanto apenas 14% consideram irrelevantes.

É através dos anúncios na TV que uma parcela relevante dos internautas compra e se interessa por produtos e serviços. 64% já compraram um produto ou serviço que viram sendo anunciado na TV. E 50% já compraram produtos ou serviços diretamente na TV.

A pesquisa mostra ainda o aumento dos usuários que se conectaram à internet através da televisão: 58% acessaram a internet através da TV em 2023. Este número vem crescendo anualmente: em 2021, eram 50% os que acessavam internet pela TV, em 2022, 55%. (Fonte: TIC Domicílios 2023)

Claro que é necessário levar em conta as diferenças, especialmente entre classes e faixa etária: classes mais altas estão mais conectadas, são mais receptivas a anúncios e compram mais através da TV. Por outro lado, os mais jovens (Geração Z) e mais velhos são os que menos fazem isso. Mas mesmo considerando as disparidades que formam a nossa sociedade, os números estão aí e só fazem reforçar as possibilidades oferecidas pela TV, que se reinventa agora, em sua nova era, de conexão.

Thomaz Naves é diretor comercial e de marketing da Record TV Rio