Na semana passada, tive a oportunidade de participar do Fórum Lide – ESG. Mais uma iniciativa de alto nível, envolvendo líderes públicos e privados em torno das questões relacionadas ao processo de implementação de iniciativas alinhadas aos princípios ESG.
O evento teve momentos de esperança e otimismo, mesclados com preocupação e realismo quanto aos desafios que a sociedade tem pela frente para reverter um quadro que se mostra sombrio, quando nos deparamos com os fenômenos climáticos dos últimos tempos.
A ausência do governador do Amazonas, que havia confirmado participação no evento, é um sinal do momento dramático que vivemos. O governador não poderia se ausentar do seu estado, que vive uma situação crítica por conta da seca histórica na Região Norte.
Por outro lado, a região do sul do país vive o drama inverso, de lidar com um índice de chuvas inusitado, causando uma situação desesperadora por lá, com centenas de desabrigados pela cheia dos rios.
Extrapolando para outras regiões do mundo, tivemos temperaturas recordes no verão do Hemisfério Norte, com consequências gravíssimas também por lá.
O lado “E” (de Environmental/Ambiental), do ESG, portanto, está impactado por fenômenos climáticos inusitados, que demonstram as agruras do aquecimento global, que mostra a sua cara de forma inequívoca.
Do lado do “S”, de Social, temos o horror das guerras em curso no mundo, com destaque para o conflito entre Israel e Hamas, com consequências desastrosas.
Temos também o quadro de desigualdade no mundo, que se mantém inalterado, concentrando riqueza nas mãos de poucos, alienando milhões de pessoas do desenvolvimento humano com um mínimo de dignidade.
Isso tudo gera um clima de angústia e também uma sensação de urgência para ações efetivas que revertam essas condições adversas. Esse é o lado sombrio e preocupante. Mas não podemos deixar de ver o outro lado: o das oportunidades.
No campo das questões ambientais, há um brilho verde no horizonte do Brasil, que tem todas as condições de se tornar um dos mais importantes players da tão necessária transição energética e de um consequente desenvolvimento sustentável.
Essa foi a tônica do lado positivo do evento, com diversos palestrantes reforçando o bonde verde que está passando pelo nosso país. Um bonde que não podemos perder.
Só o Brasil tem uma matriz energética tão favorável para suportar um desenvolvimento verde consistente. A tal neoindustrialização, tão falada ultimamente, passa obrigatoriamente por uma energia limpa, de fontes renováveis.
Em 2022, 92% da eletricidade brasileira foi gerada por fontes renováveis. Nem um outro país tem essa condição.
Além da energia hidrelétrica, da solar e da eólica, o Brasil tem condições de liderar o desenvolvimento do hidrogênio verde, uma aposta internacional como substituto do petróleo. Temos também o etanol, a biomassa.
São elementos que nos dão uma vantagem competitiva enorme, que brilha verde e forte no horizonte.
Mas não é tão simples assim: o empresariado está atento às oportunidades de surfar nessa onda verde e já está agindo, mas é preciso foco e políticas claras do lado governamental.
Quem tem de dar a luz verde para avançarmos na direção correta é o governo. Porque os EUA, a Europa, a China e outros players de grande porte não estão de braços cruzados perante o desafio da transição energética.
Subsídios de grande monta estão sendo oferecidos àqueles dispostos a desenvolver energia alternativa e sustentável e também àqueles que a utilizam.
Devemos seguir a luz da oportunidade verde, que representa uma esperança palpável de proporcionar aos brasileiros uma melhoria de vida, advinda de um desenvolvimento sólido e sustentável.
Que o brilho verde ilumine nosso caminho!
Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br