No próximo dia 30 de novembro começa mais uma COP, a Conferência das Nações Unidas sobre mudanças do clima, ou simplesmente Conferência das Partes. Esta será a 28ª edição e será realizada nos Emirados Árabes, estendendo-se até 12 de dezembro.

Se esta informação não causa nenhum interesse a você, repense. As COPs impactarão cada vez mais nossas vidas. É na COP que se discutem formas de reverter o perigoso quadro de aquecimento global.

Se você ainda não se sensibilizou com o assunto, saiba que ele tem a ver com as temperaturas recordes no último verão no Hemisfério Norte, alcançando 50°C em países europeus. Tem a ver com as enchentes no Sul e a seca no Norte do Brasil.

Já não há mais dúvidas: os fenômenos climáticos extremos são resultado do aquecimento global e a vida no planeta Terra está em risco. Não para mim ou você, mas para nossos netos ou bisnetos.

Há consenso de que, se superarmos 1,5°C de aquecimento da Terra, em relação ao período pós-industrial, poderemos atingir um ponto de não retorno. Isso quer dizer que não conseguiremos reverter os danos causados pelo aquecimento global.

Não é difícil entender: as geleiras existentes nos polos, por exemplo, que demoraram centenas ou milhares de anos para se formar, estão derretendo numa velocidade nunca vista.

Além de uma alteração em todo o ecossistema, um efeito mais imediato desse fenômeno é o aumento do nível dos mares, que poderá causar simplesmente o fim de muitas terras litorâneas ou mesmo países inteiros.

Veja o caso de Tuvalu, por exemplo. O país, que é uma ilha, está sendo engolido pelo mar, o que fez os governantes iniciarem o processo de digitalização total do país.

Eles estão registrando digitalmente tudo que podem: fauna, flora, espaço geográfico. O case “The first digital nation”, criado pela The Monkeys, de Sydney, Austrália, para o governo de Tuvalu, ficou com o Grand Prix de Titanium de Cannes Lions 2023.

A ideia central é a transformação da pequena ilha do Pacífico na primeira nação digital do mundo. Isso mesmo: uma nação sem terra! É o  que se prevê que aconteça até 2050.

O estabelecimento de um limite para o aquecimento global, a princípio de 2°C, depois revisado para 1,5°C, se deu na COP 21, ocorrida em 2015, em Paris. Foi neste evento que foi assinado o Pacto Global.

Pelo Acordo de Paris, que foi assinado por 195 países e ratificado por 147 (inclusive o Brasil), todos os signatários se comprometem em levar a efeito um plano de combate ao aquecimento global. Cada país tem a sua NDC (em português, Contribuição Nacionalmente Determinada).

A NDC do Brasil estabelece que o país deve reduzir as suas emissões em 37% até 2025 e 43% até 2030, em relação a 2005.

O Brasil, apesar de ter uma matriz energética exemplar, está entre os 10 maiores emissores de GEE (Gases de Efeito Estufa), que são os causadores do aquecimento global.

Nosso problema é o desmatamento, as famigeradas queimadas e o uso inadequado do solo. Mas essa mobilização mundial pode ser muito boa para o Brasil.

A reversão do desmatamento e a consequente preservação da nossa cobertura vegetal e biodiversidade pode render divisas para o país, por meio do mercado de crédito de carbono, que deverá ser regulamentado.

Países que geram muita poluição pagarão uma compensação àqueles que preservarem suas florestas.

Além disso, nosso país pode ainda ser um grande player da transição energética necessária para que o mundo substitua a energia suja do petróleo por uma renovável, como o Brasil vem fazendo, por meio de uma matriz formada por energia hidrelétrica, solar e eólica, além da biomassa e do potencial do hidrogênio verde.

Não à toa, sediaremos a COP 30, em Belém do Pará, em 2025. Por tudo isso, não podemos ficar indiferentes a esses eventos e a tudo que é discutido por lá. Sim, a COP tem a ver com você e com todos nós!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
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