A pandemia afetou a saúde mental de todos. Quando digo todos, é sem distinção de gênero ou idade. Isso é o que aponta um recente estudo feito pela agência Purple Cow com 1.107 entrevistados (com uma margem de erro de 2,9%). Vou trazer aqui um pouco sobre o que o estudo revelou em relação ao que podemos esperar do comportamento das pessoas no que diz respeito ao turismo, por exemplo. Mais do que um olhar técnico, aqui trataremos de como nos sentimos em relação ao que vivemos nos últimos anos.

A saúde mental realmente ganhou mais importância por causa do isolamento social. Mais de 84% das pessoas disseram que as restrições dos momentos de lazer, como sair para jantar, diversão com os amigos em festas e viajar, foi onde sentiram maior impacto. A viagem ganhou um papel importante nesse cenário. Já ouviu falar em revenge travel (ou viagem de vingança)? Trata-se de um comportamento que explica justamente isso. Passamos tanto tempo presos que precisamos “nos vingar” da situação e viajamos em busca de compensar essa dor. Podemos dizer que é uma "dor universal", já que 96% das pessoas pesquisadas afirmaram que viajar ajuda a manter a saúde mental e 71% disseram que o fariam sem nenhum pesar por acreditarem na sua importância para a manutenção da saúde mental. Viajar virou significado de viver.

Segundo Laís Cesar, médica especializada em psiquiatria pelo IEP Hospital Israelita Albert Einstein: “Viagem é uma espécie de carinho com a nossa saúde mental, e carinho também é remédio. Os benefícios físicos, cognitivos e sociais trazidos por uma viagem podem fomentar renovações em muitos aspectos da vida, até mesmo no trabalho. Nos sentimos afastados do estresse, da ansiedade e da depressão quando viajamos. Isso acontece por modulações de neurotransmissores que são estimuladas por novos ambientes, laços afetivos fortalecidos, exposição solar, entre tantas outras experiências que só uma viagem nos traz”.

Mas viajar para onde? Aqui já conseguimos ver uma mudança de comportamento. Nos últimos anos, esse mesmo estudo mostrou uma preferência por destinos conhecidos. Saber como é o lugar para onde você ia viajar aumentava a sensação de segurança por causa da Covid. Nesse nosso último estudo, o cenário mudou de figura. A impossibilidade de sair de casa despertou em 40% dos entrevistados a vontade de conhecer lugares inusitados e pouco explorados pelo turismo, e a praia parece ser o sonho de 76% deles.

Não pense que estamos falando de um comportamento que atinge apenas quem tem poder aquisitivo. Existe uma grande oportunidade em relação às pessoas que viajavam pouco antes da pandemia, dado que 87% dos entrevistados pretendem realizar alguma viagem nos próximos seis meses, em um cenário em que 30% alegaram pretender viajar mais do que viajavam antes da pandemia.

Além de um remédio para os efeitos colaterais da Covid, viajar também pode ajudar na cura da economia. Segundo os estudos do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês) realizados pela consultoria britânica Oxford Economics, o turismo pré-Covid representou mais de 8% do PIB brasileiro, gerando emprego para cerca de 7 milhões de trabalhadores. Podemos levar de cinco a sete anos para recuperar esse patamar, segundo a OMT (Organização Mundial do Turismo). É aí que entra a importância econômica da publicidade.

Como acelerar a retomada econômica lastreada pelo turismo? Podemos (e devemos) ser catalisadores da vontade instintiva que as pessoas demonstraram ter. Os hábitos de consumo de meios sofreram alterações na pandemia. A digitalização do nosso dia a dia sofreu um avanço exponencial. Seja trabalhando todo esse sentimento nas mídias de massa (on e offline), no engajamento promovido pelos trabalhos de social media, ou gerando oportunidades trabalhando a base de clientes no CRM, o insight é o mesmo: precisamos cuidar das nossas cabeças e sentimos que viajar pode nos ajudar. A retomada do turismo precisa de um gatilho que vai desencadear uma retomada econômica, e tudo isso começa com um trabalho de comunicação bem-feito.

Marcelo Bernardes é CEO da Purple Cow