Em janeiro de 2019, o falecido Orkut, assassinado por seu dono Google, completaria 15 anos. Nasceu em 24 de janeiro de 2004. E mesmo com naming péssimo, mais que adequado para remédio de azia, prevaleceu, porque era único. Em poucos anos invadiu o mundo e muito especialmente o Brasil. Os brasileiros lideravam em presença na primeira das redes sociais relevante.

No dia 30 de junho de 2014, dez anos, cinco meses e alguns dias depois, às 23h18min horas, seu criador, dono e proprietário, anunciou ao mundo sua decisão de matar seu ex-filho pródigo, que só lhe causou problemas e sofrimentos, e principalmente o estava desviando do caminho e fazendo perder o foco.

Numa nota de uma única linha, dizia: “We will focus on YouTube, Blogger and Google+ services that have proven more popular”. No dia 8 de outubro do ano passado, o Google assumiu sua incompetência crônica para redes sociais, e matou sua segunda rede, o Google+.

Mas, voltando ao Orkut, no obituário terminava afirmando que a partir de setembro ia soltar o Orkut no ambiente digital, o condenando a vagar pela digisfera e para sempre.

Dois anos antes, 2002, ficava mais que claro que o Orkut tinha perdido sua competição com o “Feice”. No ano passado, 2018, o criador do Orkut veio ao Brasil pela segunda vez.

Orkut Büyükkökten, da cidade de Cônia, Turquia, 6 de fevereiro de 1975.

A primeira vez foi no ano de 2009, tentando entender por que os brasileiros adoravam tanto a rede social que criou. No ano passado, falando sobre a primeira vez, declarou: “Fiquei encantado em como todos eram amigáveis, receptivos, apaixonados, cheios de vida. Em verdade, eu já tinha alguns brasileiros trabalhando comigo no Orkut e esse já era meu sentimento… num determinado momento de minha rede social, 70% do total era de brasileiros…”.

Orkut veio ao Brasil no ano passado, tentando nos convencer a deixar o “Feice” migrar para sua nova rede social, a Hello, e que até agora não disse ao que veio e nem mereceu 1% da atenção que o Orkut teve 15 anos atrás. Hello!

Pergunta que não quer calar: em quanto tempo estaremos comentando sobre o fim do Facebook? Difícil responder, mas nem difícil e nem improvável de acontecer.

Só para terminar e prestar as derradeiras homenagens da primeira das verdadeiramente relevantes redes sociais, o Orkut, na terça-feira, 30 de setembro de 2014, converteu-se numa página especial, criada pelo Google, e para vagar pela digisfera como se fosse o Museu da Primeira Rede Social do Mundo.

Todo o conteúdo publicado dentro das comunidades foi imortalizado nessa espécie de museu. No total, 51 milhões de comunidades. E, no Brasil, as cinco maiores comunidades foram, e continuam sendo, imortalizadas na página do museu:

1 – Eu odeio acordar cedo 6.106.962; 2 – Te Incomodo, Que Peeena!!!, 4.288.323; 3 – Eu Amo Chocolate! 3.987.555; 4 – Deus me disse: desce e arrasa!, 3.537.870; e 5 – Mulher não se pega, conquista! 2.956.561.

As duas perguntas que não querem calar. 1º) Em quanto tempo estaremos falando sobre o obituário do Facebook?;

2º) Tentará o Google uma terceira rede social?

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)