No dia 9 de novembro de 1889, um sábado, decidiu-se prestar uma homenagem aos oficiais do navio chileno Almirante Cochrane. Decidiu-se por um grande baile na Ilha Fiscal.

Mal sabiam os homenageados, e todos os demais que participaram, que aquele seria o Último Baile da Monarquia. Dias depois, 15 de novembro, sexta-feira seguinte, veio a Proclamação da República Brasileira.

De certa forma 2020, o ano da pandemia, foi uma espécie de baile da ilha fiscal das big techs. Pode ser até que ainda demore mais de um ano, mas, dois, três… Em hipótese alguma.

Assim, como era de se esperar, as big techs, mais abençoadas ainda pela pandemia, racharam de ganhar dinheiro em 2020.

Google, Amazon e “Feice”, para ficarmos apenas em três, juntas, fizeram um lucro em 2020 de mais de US$ 200 bilhões. Apenas a título de ilustração o desempenho de algumas das big techs.

A Amazon ganhou – lucro líquido – US$ 21,33 bi, o equivalente a 84% a mais que no ano anterior. Uma Netflix, ainda uma das menores big techs, mas representativa do território que não para de crescer, que é o streaming, alcançou um lucro de US$ 2,76 bi, contra US$ 1,87 bi do ano anterior, 2019.

E até a mais emblemática e mais recente das big techs, a empresa de Elon Musk, a Tesla, que em 2019 ainda nadava num vermelho vivo, com um prejuízo de US$ 862 milhões, saiu do vermelho e encaminhou-se para um lindo azul: um lucro de US$ 690 milhões.

O Google bateu num lucro de US$ 40,51 bi, 25% a mais que o lucro de 2019. E o “Feice” chegou nos US$ 29,15 bi, um crescimento de 18%. A Microsoft, a vovó das big techs, pelo espetacular desempenho de suas nuvens, alcançou um lucro de US$ 44,28 bi, 13% a mais que em 2019.

E fechamos com aquela que ainda e com total merecimento, pela incomensurável beleza e acurácia de seu design, é a mais cortejada dentre todas, a Apple, com um lucro de US$ 57,4 bi, 20% a mais que em 2019.

É isso, amigos, a farra de crescer e prosperar num território de pouca ou nenhuma regulamentação, e dar mordidas generosas e substanciais em cadeias de valor tradicionais, possibilitou às big techs uma década de fartura e riquezas.

Muito provavelmente seguirão ganhando um bom dinheiro nesta nova década. Mas jamais como nos dias de alegrias, felicidade, prosperidade e sucesso, como dizia a música Wine and Roses.

Lembram: “The days of wine and roses, Laugh and run away, Like a child at play.
E agora, Toward a closing door, A door marked never more, That wasn’t there, before…”.

“Dias de vinhos e rosas, de felicidades e alegrias, como de crianças a brincar… Agora uma porta fechando, Com uma placa alertando, Nunca mais, e que não estava ali antes…”.

Ou como respondia o corvo na poesia monumental de Edgar Allan Poe… Quando as big techs voltarão a rachar de ganhar dinheiro…? E o corvo responde: Never more…

Acabou. Ou melhor, está acabando… Não tem do que reclamar!

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)