Durante a minha trajetória, felizmente, aprendi algo relativamente cedo. Algo que deixa criativos inquietos. Sejam novos ou experientes. Aprendi a responder uma das grandes dúvidas da profissão: como saber se a minha campanha está pronta?
Para mim, a resposta veio depois de uma série de conversas com pessoas que tinham mais experiência do que eu: o trabalho está pronto quando a gente decide que ele está. Isso significa que ser criativo é ter a capacidade de lidar com a rejeição, principalmente a auto rejeição. É preciso ter um olhar crítico e cauteloso com a gente mesmo, pois a ideia só tem fim quando o criativo decide isso.
Somos constantemente questionados por nós mesmos e, claro, pelos nossos clientes, se aquela solução criativa é boa o suficiente. Desde já, posso dizer que o tempo e a prática serão os principais aliados para lidar com essas questões. Mas existem duas coisas importantes a serem consideradas em todas as campanhas para ter o mínimo de rejeição, porque sim, ela vai acontecer: experiência e repertório.
A experiência em publicidade e comunicação traz uma bagagem importante para resolver as questões da área. O profissional vai lidar com problemas que já tenha se deparado e se basear nas experiências anteriores para tomar uma decisão.
Já o repertório é o que os profissionais constroem fora do mundo da publicidade: experiência de vida, de vivência com outras pessoas, de consumo de conteúdo e hábitos de compra. Toda pessoa tem um repertório rico e único, e não existe outra maneira de lidar com isso que não seja trabalhar em grupo.
O repertório individual ajuda resolver os problemas de comunicação, publicidade e criatividade, mas é trabalhando em equipe com um repertório coletivo e diverso, que a gente consegue criar coisas interessantes e discussões relevantes que nos levam a ter boas ideias.
Muitas vezes, seu trabalho não terá encaixe no mundo atual e você precisa entender isso. O roteiro de “Round 6”, por exemplo, de autoria do diretor Hwang Dong-Hyuk, foi rejeitado por estúdios de cinema locais e considerado “implausível”. A série “Filmes que Marcam Época” mostra como clássicos do nível de “De Volta Para o Futuro” precisaram de ajustes no roteiro até ficarem redondinhos para o público.
Estar aberto a ouvir feedbacks, principalmente sobre uma campanha que não agradou quem deveria agradar, nos torna melhores profissionais. É a partir disso que podemos dizer que “os rejeitados serão exaltados”, pois aprendemos com os nossos erros, e com eles fazemos o nosso melhor.
Domenico Massareto é CCO da Publicis Brasil