Demorou, mas conseguiu-se!
Semanas atrás os admiradores e fãs de O Mágico de Oz comemoraram. Depois de 13 anos, o FBI, finalmente, conseguiu resgatar os sapatos vermelhos de Dorothy, utilizados por Judy Garland no filme. Sapatos esses, roubados em agosto de 2005, por um ladrão que entrou por uma janela do Museu Judy Garland, localizado em Grand Rapids, em Minnesota, USA.
Manifestações de todo o mundo pelo resgate do sapato vermelho, e pelo que representa neste exato momento de disrupção ampla, geral e irrestrita. Milhões de pessoas, em meio ao turbilhão que vivemos, adorariam ter um par de sapatos vermelhos com os poderes dos da Dorothy.
Não sei se vocês se recordam, o filme começa em preto e branco e vem um tornado. Quando Dorothy acorda o filme já é colorido e, surpresa, tem em seus pés os sapatos vermelhos.
No filme do emblemático ano de 1939 para o mundo – início da 2ª Grande Guerra, e da filmagem de três dos mais aclamados filmes de todos os tempos: O Magico de Oz, O Vento Levou, e, No Tempo das Diligências –, ao sair do furacão, Dorothy desperta na colorida e iluminada Terra de Oz.
Em seus pés, os sapatos vermelhos. Que deveriam ser utilizados, diante de alguma emergência ou eventualidade. Era suficiente o bater por três vezes dos calcanhares dos pés com o sapatinho vermelho e dizer, em voz alta:
“Não há lugar como nossa casa…”.
O que milhões de pessoas gostariam de ter e fazer hoje, agora, já: sapatos vermelhos capazes de garantir um desejado regresso à velha e boa casa, ao passado, e ao mundo de ontem… Parando o mundo para que descessem, ou até mesmo e idealmente, engatando uma ré no mundo e retornando aos anos 1930, 1940, 1950… Impossibilidade absoluta.
Neste exato momento, em que começa o segundo tempo ou ato da história da humanidade, temos de nos decidir. Ou ser Perennails, ou, Ephemerals. Ephemerals é relaxar e gozar, como disse certa vez a ex-senadora Marta Suplicy.
Acreditar que viemos a este mundo para tirar proveito, nos divertir, exaurir todos os recursos, e na partida não nos esquecermos de apertar o botão F para todos os demais que permaneçam por aqui.
Ser Perennials é preocupar-se com o legado. Com a obra construída e com a contribuição, por menor que seja, dada a humanidade. Não se trata de vaidade. Apenas de morrer e partir, verdadeiramente, em paz.
O sapatinho vermelho de Dorothy felizmente foi resgatado, só existe um, e agora permanece trancado a 200 chaves no lugar de onde jamais deveria ter saído. No museu Judy Garland.
Assim, trate de calçar um tênis confortável e corra atrás do seu legado. Tenho certeza que entre ser Ephemeral ou Perennial sua alternativa é despedir-se com a consciência tranquila não só de não ter detonado o que o mundo levou milênios para construir, como de ter dado, por menor que seja, a sua contribuição.
Ter deixado um legado.
E se quiser partir e despedir-se, Perennial, de forma mais coloquial, descontraída e inspiradora, o tênis, além de muito confortável, pode ser vermelho! Por que não!
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)