1) O brasileiro tem fé, esperança e confiança de que o futuro reserva momentos melhores. “Graças a Deus” é uma expressão que os pesquisadores dos institutos de pesquisas ouvem de forma recorrente. Não há dúvida que esse tripé é um ingrediente antropológico inerente à cultura deste país, em que boa parte da elite política dirigente, insiste em contrariar essa vocação popular com usurpação e má fé. Mesmo diante dessa equação cuja conta não fecha, o brasileiro não se opõe ao otimismo. Como um camaleão se adapta. O mercado de comunicação do marketing tem esse enorme desafio pela frente: como estimular vendas em um ambiente de crescimento negativo? Vai passar, como diz Chico Buarque, mas dói. Um machucado passa pelo processo de coagulação e depois o inchaço isola a infecção. A fé vai isolar a mediocridade do espírito empreendedor dos brasileiros, que literalmente não desistem nunca.
2) A iniciativa privada é grande exemplo do Brasil que busca soluções para galgar obstáculos. Não foi bom ver o Grupo ABC liderado por Nizan Guanaes e Guga Valente ser incorporado pelo grupo norte-americano Omnicom? Um negócio de R$ 1 bilhão que logo impactou para cima o preço das ações do Omnicom nas bolsas. E Nizan, com sua verve, inteligência criativa e inquietação, é capaz de impregnar a insolência com a aura do diagnóstico de que vai passar. Esse otimismo do Nizan estava presente na sua palestra sobre a importância dos meios impressos nos planejamentos de mídia dos anunciantes na primeira edição do Summit de Comunicação, uma iniciativa da Editora Referência e da Abigraf. Sou testemunha ocular do crescimento da carreira profissional do Nizan e compartilhamos desse senso que uma intempérie não é capaz de paralisar o empreendedor.
3) O cenário político contamina. O imbróglio entre o legislativo e executivo (Dilma x Cunha) reflete a herança da era da colonização: “manda quem pode e obedece quem tem juízo”. A livre iniciativa com autorregulação e agentes isentos de fiscalização dependem apenas de uma política imparcial e que usa o imposto como remuneração para um serviço público exemplar e não para a corrupção. Esse negócio de marcar território, usar a retaliação como instrumento de pressão, radicalizar posições, ausência de diálogo e fazer rupturas banais significa título de propriedade eterno no terceiro mundo. Os políticos precisam ter semancol. Poder com fita isolante, não cola. Os governos têm que colar nos interesses comuns. Extrair das ruas o ritmo de uma agenda positiva. Bastou o impeachment de Dilma Rousseff ser formalizado que a bolsa subiu e o dólar caiu. Sinal de que a sociedade pede mudanças. O político interfere no emocional. Esse efeito é como “zika vírus”: não mata, mas paralisa.
4) A capa desta edição é dedicada aos vencedores do Prêmio Veículos de Comunicação. Os jurados da Abramark (Academia Brasileira de Marketing) elegeram 30 meios dos segmentos revista (de circulação paga e customizada), televisão, rádio, mídia out of home e TV por assinatura. Leiam a reportagem assinada pela jornalista Suzi Cavalari e confiram um resumo de cada um dos premiados.