Os painelistas de “produzindo para TV por assinatura” subiram ao palco para responder e dialogar com questões complexas que o mercado e a velocidade impõem. Como produzir conteúdos de qualidade com orçamento enxuto em um mercado que pede por empreendimentos multiplataformas? Como aproveitar a chegada da nova classe C? O que querem as emissoras? As perguntas eram amplas e as respostas também.

De acordo com Tatiane Costa, gerente de programação do Multishow, iniciou o bate- papo com a apresentação com perfil do canal, que tem investido na produção de programas humorísticos. Nove, desde o segundo semestre de 2010. E 10 novos estão programados para este ano – alguns já entraram na grade. Sobre a classe C, informou que aumentou em 70% a base de assinantes do canal dos perfis B2 e C, em uma emissora que tem como público as classes A, B e C, com idade de 18 a 34 anos. Na audiência, a classe C já é responsável por 32%, com preferência para os programas de humor.

Ao falar de produção, a executiva afirmou que 86% da programação da emissora em horário nobre são nacionais. Hoje, o Multishow conta com 63 programas na grade, sendo 90% deles desenvolvidos para aproximadamente 29 produtoras parceiras. A incorporação de produtos da web para a TV também foram destacados, como “As Olívias”, que começaram no teatro, fizeram um blog, e atualmente estão na programação do canal.

Marcelo Braga, do marketing da Fox, começou sua fala sendo taxativo: “Não queremos repetições”. E acrescentou: “Desejamos originalidade nacional. Se o projeto tiver identidade brasileira ele viaja bem. Queremos um produto no Brasil, do Brasil e pro Brasil”, afirmou, ressaltando que a Fox está engatinhando no desenvolvimento de produções locais. A sua exposição foi direcionada a dois canais: FX, cujo campo de atuação requer conteúdos fortes, polêmicas e animações adultas; e National Geographic Channel, para o qual buscam projetos com aventura e emoção, além de forte apelo visual. Braga adverte: “Nada professoral. O foco é em entretenimento”.

Já Roberto Martha, diretor de produção executiva da Viacom (Canais VH1 e Nickelodeon) atacou um dos pontos mais sensíveis da produção: o orçamento. “O produto deve viajar o máximo possível, não só no Brasil, mas também na América Latina. O importante é que os modelos funcionem para todos os parceiros”, afirmou. Em relação aos canais, o diretor abordou a entrada do VH1 no mundo da ficção – a emissora desenvolve séries, filmes e especiais musicais. Para o Nickelodeon, disse que animação é prioridade e revelou “não descartar a produção de uma novela no Brasil”.

Por Marcos Bonfim