O piauiense Antonio Neto é um dos muitos criativos formados no caldeirão de cultura nordestino, talvez o mais rico e diversificado do Brasil, que migraram para trabalhar em São Paulo. Há 15 anos, ele é VP de criação e planejamento da agência IntegerOutPromo, na capital paulista.
Além do trabalho profissional, Neto, como é mais conhecido, também é artista plástico. “Durante minha carreira, sempre procurei unir esses dois universos criativos. O ambiente corporativo traz a disciplina, a arte, inspiração. E, assim, vou desenvolvendo dentro e fora da agência projetos artísticos variados, desde trabalhos digitais até outros com suportes diferentes, como colagem em tecido e papel, pintura, modelagem e, nos últimos anos, levo meu trabalho para a rua através de murais e grafites.”
A vida familiar também é fonte inspiradora. Pai de Benjamin, com três anos e meio, e Felipe, um bebê de dois meses, ele transformou o que era um estorvo em arte. “Quando me vi em meio a muitas embalagens de presentes, fraldas, delivery e compras pela internet trazendo um grande acúmulo de embalagens desnecessárias, o que era lixo virou pesquisa e coleção de materiais para criar as peças da minha primeira exposição individual, chamada Passado Reciclado, feita com aquele material reaproveitado.” A exposição aconteceu em agosto de 2015, na galeria Urban Arts, na Oscar Freire, em São Paulo. “Comecei a produzir as obras em dezembro de 2013, quando o Ben nasceu, nas madrugadas, entre uma troca de fralda e outra.”
Sua arte tem influência regional. Ele cita como grandes referências dois artistas plásticos piauienses com estilos marcantes: Nonato Oliveira e Antônio Amaral. “O primeiro tem traços geométricos, personagens coloridos, com a temática nordestina sempre presente. Cresci vendo os murais dele espalhados pela cidade. O segundo, um trabalho mais orgânico, com mais energia e liberdade, visceral. Ambos tiveram um grande impacto sobre o desenvolvimento do meu estilo.”
Ele começou a desenvolver o talento artístico na mais tenra infância. O que se tornou um problema para seus pais e as paredes de casa. “Não me lembro da minha infância sem um lápis de cor ou tinta nas mãos.” Aos quatro anos, na escola, a professora distribuiu massinha de modelar para a classe e, enquanto os coleguinhas faziam cobrinhas e bolinhas, ele modelava helicóptero, super-heróis, tanque de guerra etc. “Os moleques perguntaram para a professora como fazer igual e ela respondeu, ‘eu também não sei, pede para o Neto ensinar vocês’”.
Adulto, cursou História e Artes Plásticas, na Universidade Federal do Piauí, mas acabou se formando em Publicidade e Propaganda no Centro de Ensino Unificado de Teresina. A influência para a escolha da carreira veio da sua mãe. Ela o apresentou a um amigo de infância, que tinha uma agência em Teresina. Segundo ela, esse amigo desenhava “tipo você, meu filho”. Foi contratado no mesmo dia. “Descobri que o que fazia como hobby flertava com direção de arte. Tomei gosto pela coisa e, alguns meses depois, larguei o curso de história para estudar publicidade.”
Seu trabalho artístico recente é direcionado para duas grandes paixões: o basquete e a música. “Tenho feito uma série de ilustrações e quadros, criei um personagem e estou preparando a próxima expo inspirada nestes dois temas.”
Quem quiser conhecer em mais detalhes o trabalho de Neto pode acessar: brazil.integer.com, https://www.behance.net/neto78 ou instagram.com/netoseteoito/