Embora historicamente destinado a “homenagear” a mentira, sendo um dos seus exemplos clássicos na vida brasileira, a antecipação da data da deposição de João Goulart em 1964, de 1º de abril para 31 de março, para evitar que a passagem do tempo minasse, com o deboche popular, o resultado do célebre movimento militar, este nosso 1º de abril de 2019 tem tudo para iniciar um ciclo de recuperação econômica do país.

 Tivemos uma semana turbulenta, destacando-se como principais protagonistas o presidente da República e o presidente da Câmara dos Deputados. O xis da questão foi a reforma da Previdência, inegavelmente uma clara preocupação do Executivo Federal, com uma torcida de nariz de algumas lideranças do Legislativo, ofendidas com as palavras de Bolsonaro e certo receio de que o eventual troféu da vitória penda somente para um lado.

 Debita-se aqui a pouca experiência do presidente Bolsonaro em lidar com os deputados federais, mesmo tendo sido um deles por 30 anos.

 A controversa tese do é dando que se recebe foi descartada logo de saída e publicamente pelo chefe do Executivo, no que a nosso ver fez muito bem. Apenas, exagerou nas palavras e nos alvos.

 Logicamente, o então aliado Rodrigo Maia obrigou-se a sair em defesa da sua classe, gerando por dias a fio um intenso embate que não deveria ter acontecido.

 Boas almas pacificadoras entraram em ação, com destaque para civis representantes da iniciativa privada, e os ânimos foram amainados.

 Para os mais distantes, que não acompanham o dia a dia do modus operandi (pelo menos até então) de Brasília, ficou tudo muito estranho, de um lado porque o que se quer é evitar com o nosso país o que já ocorreu com Portugal, Grécia e outras nações que deixaram para a última hora enfrentar o descalabro do estouro das contas públicas. E, do outro lado, porque se chegou publicamente a um retorno de bom-mocismo, que, custe o que tenha custado, só fará bem ao país.

 Como em um passe de mágica, a quinta-feira (28) apresentou-nos um cenário totalmente diferente, com os principais personagens dessa batalha que preocupou o país revendo suas posições e procurando o diálogo.

Um dos mais ágeis setores a sempre apontar o rumo da economia, para o bem ou para o mal, foi o da atividade publicitária, cujos clientes-anunciantes, como em um pacto coletivo para salvar o país, aumentaram o volume da sua aparição pública, dando a entender que está se iniciando, agora de verdade, um novo ciclo econômico positivo na vida brasileira.

A propósito, imperdíveis os depoimentos de Fernando Musa (Ogilvy), Edu Simon (DPZ&T), Sylvia Panico (David), David Laloum (Y&R) e outros importantes nomes do nosso mercado publicitário, discorrendo sobre o que foi o primeiro trimestre deste ano em suas agências, com previsões para o futuro próximo, com sinais e até mesmo resultados de recuperação.

Como diriam nossos pais (e avós para os mais novos), passe um anjo e diga amém. O Brasil precisa realmente de um longo período de tranquilidade política, para se firmar como nação economicamente soberana, podendo assim oferecer à população, principalmente aos setores mais carentes, que muito têm crescido nos últimos tempos em nosso país, não apenas promessas de palanques eletrônicos, mas oportunidades e estímulos para uma vida verdadeiramente melhor para todos.

 

***

 

Apesar de ser observada uma ainda incipiente, mas promissora melhora na economia brasileira, com tendência a se acelerar se a reforma da Previdência realmente acontecer e se possível rapidamente, o balanço destes últimos anos de crise, com destaque para 2016, 2017 e 2018, aliado ao desempenho da mídia digital (mesmo que ainda sem compensar em investimentos o que deixou de ser investido na analógica), decretou o enfraquecimento de grandes marcas do universo da nossa comunicação mercadológica.

Incontáveis meios impressos desapareceram, ou reduziram de muito suas tiragens e estrutura de páginas, importantes veículos eletrônicos procederam a cortes na folha salarial e grandes e médios anunciantes não efetuaram a correção monetária nas suas verbas, além de uma boa parte deles ter diminuído concretamente as suas aplicações no setor.

Seria exagero dizer que o cenário é de terra arrasada. Muito longe disso, pois o país, entre tantos desmandos, tem uma capacidade enorme de rápida recuperação. Talvez resida aqui o ponto de partida para a retomada do desenvolvimento.

Há que se levar em conta nesse quadro a enorme capacidade de trabalho talentoso e continuado do nosso segmento publicitário. Tem sido inegável para a maioria dos anunciantes, com destaque para os de maiores verbas, que as soluções criativas apresentadas pelas agências aos seus clientes e por estes aprovadas e postas em prática, com veiculação na mídia e um elogiável trabalho de cooptação do público, através das iniciativas promocionais que as grandes marcas não se cansam de elogiar e auferir elevados dividendos, também ajudam – e muito – na recuperação das vendas.

Uma vez mais, temos de acreditar que o país é economicamente possível, fazendo jus à sua condição de oitava economia mundial. Só depende de nós e principalmente daqueles que elegemos para o Executivo e o Legislativo adotarmos com maior crença nossas inegáveis possibilidades.

 

***

 

Ainda nesta edição, o consultor de empresas especialista em marketing e nosso colaborador Francisco Madia de Souza fala sobre a mais importante premiação do marketing brasileiro, o Marketing Best, do qual foi o idealizador e cujos cases inscritos serão julgados proximamente por um júri formado por membros da Academia Brasileira de Marketing, que ele preside.

Ainda estão abertas as inscrições de cases para a 32ª versão dessa concorrida premiação.

Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda (aferrentini@editorareferencia.com.br).