Cozinheira e ex-jurada do MasterChef, na Band, fala também sobre a dificuldade da área de gastronomia no páis atualmente, além das campanhas publicitárias e da importância da economia criativa
Com experiência de mais de três décadas em restaurantes, a cozinheira Paola Carosella diz que já presenciou muita mudança de tendência, crises e momentos de prosperidade. “E o resultado disso é um olhar mais elástico para os momentos. Nada é sempre tão bom quanto parece, e quando é ruim pode existir uma saída criativa”, afirmou.
Para Carosella, considerada um dos principais nomes da gastronomia nacional, economia criativa é uma prova de que o mundo, as sociedades e as formas de relacionamento não são estáticas.
“Tudo muda e se transforma e é fundamental acompanhar, ser criativo, tentar fugir do olhar já aprendido, do tradicional, isso se aplica a tudo”, destacou.
Economia criativa
O que eu entendo por economia criativa é que o mundo, as sociedades e as formas de nos relacionar não são estáticas. Tudo muda e se transforma e é fundamental acompanhar, ser criativo, tentar fugir do olhar já aprendido, do tradicional, isso se aplica a tudo.
Hospitalidade
É fundamental, pois trabalhar com hospitalidade demanda um olhar atento e sensível a todos os movimentos e tendências. Gastronomia, restaurantes, tudo o que envolve atender e cuidar de pessoas demanda um olhar muito atento aos movimentos sociais, ao que não necessariamente se vê, mas se percebe. Quem não consegue ler a realidade nas entrelinhas, distinguir o que será necessário, o que vai virar tendência, se perde no caminho, fica para trás.
Impacto no dia a dia
Eu trabalho com restaurantes há mais de 30 anos. Já vivi muita coisa, muita mudança de tendência, muitas crises e também muitos momentos de prosperidade. O resultado disso é um olhar mais elástico para os momentos. Nada é sempre tão bom quanto parece, e quando é ruim pode existir uma saída criativa. Então, poder olhar para essa possibilidade, não levando tão a sério a realidade, é um bom exercício para mim. Atualmente, a gastronomia vive um momento extremamente difícil.
Os insumos aumentam quase diariamente, e os preços aos clientes não podem ser repassados na velocidade da inflação. A mão de obra é muito escassa e, como em muitos outros lugares do mundo, os jovens não sentem mais desejo ou interesse pelo trabalho como talvez a minha geração teve... Isso faz com que seja muito difícil formar e manter equipes estáveis, o turnover é altíssimo e isso tem um preço muito alto. Quando vivemos momentos assim, para mim, o importante é manter o radar muito ligado, se provocar constantemente para tentar saídas fora dos moldes.
Modelo
Não acho que a gente já tenha um modelo de futuro, sinto que vivemos num momento de quebra total de paradigmas, onde as novas regras do jogo ainda não foram criadas e, quando forem, não serão mais tão gerais. Eu sinto que vem pela frente uma grande quebra, de estruturas, de valores e de prioridades. Não temos tempos fáceis pela frente. Eu sinto que só quem se torne elástico e acompanhe o câmbio vai conseguir fazer parte desse futuro.
Mercado publicitário
Acho que o começo foi no MasterChef, na Band. Num dos primeiros programas tive de fazer um merchan de produto de limpeza. Não foi fácil! Depois fui entendendo que, para mim, era muito importante me identificar com aquilo que eu tinha de vender. Se fazia sentido para mim, ia fazer sentido para os outros, pois eu iria falar a verdade. Atualmente, é assim que trabalho, com todas as campanhas das quais faço parte. Se compro o produto, gosto dele e faz sentido para mim, consigo vender com muita credibilidade e, na verdade, não estou nem vendendo, estou compartilhando algo do que gosto, e isso as pessoas querem absorver.