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Após quase 10 anos trabalhando em redação, a jornalista Nathalia Arcuri entendeu que podia levar seu conhecimento sobre finanças para mais pessoas por meio da internet. Depois de estudar o mercado e avaliar os riscos de uma possível saída da TV, resolveu apostar suas fichas em um modelo de parceria até então inédito para ela.

Em 2015, propôs à corretora Easynvest um patrocínio anual, que possibilitou ter um salário e ainda fazer caixa para a empresa Me Poupe!, que à época, funcionava em sua casa e tinha o site como vitrine.

Deu certo, Nathalia criou um cronograma de postagens e passou a roteirizar, gravar e editar os vídeos do recém-criado canal no YouTube. Montou ainda um planejamento estratégico para a empresa a fim de realizar a primeira contratação e mudar para um escritório. Hoje, a Me Poupe! tem 17 funcionários e está presente em diversas frentes: YouTube, rádio, website, podcast e, até o fim do ano, chegará à TV aberta.  

Nesta edição do #papoPROPMARK Nathalia fala sobre as diversas frentes de atuação do Me Poupe!  

– O que é um canal de entretenimento financeiro? 

A plataforma ensina educação financeira usando o entretenimento. Aqui tem uma premissa básica que eu estabeleci quando ainda era sozinha que é: a cada conteúdo, nem que seja um post no Facebook, um vídeo no YouTube ou agora um episódio do reality, tem que devolver ao mundo uma pessoa transformada pela mensagem. 

Se a pessoa passou por aquilo e não aprendeu nada a gente não fez a nossa lição de casa. Tudo que a gente faz precisa despertar um questionamento, um aprendizado e o entretenimento é usado como um ímã para que as pessoas tenham vontade de aprender, porque até então, educação financeira era um tema muito difícil porque não havia uma linguagem que traduzisse e interpretasse isso para a vida das pessoas. Somos facilitadores e usamos o entretenimento e o humor para nos aproximar do brasileiro médio.  

– Hoje quais são as suas frentes de trabalho e pontos de contatos com o público? 

Hoje nós somos uma plataforma de entretenimento financeiro porque vai além do YouTube. O Me Poupe! hoje é site, programa de rádio na 89 FM, redes sociais, o canal, cursos online, livro, podcast – PoupeCast – e, agora TV aberta. É uma plataforma que abrange 360º. O último passo que faltava para a gente estar em todas as plataformas era estar na TV aberta, era uma meta e vamos concretizar isso.

– O que você já pode contar sobre o reality?

O programa foi baseado no meu projeto que coloquei no Me Poupe! ano passado. A gente já fez o reality no YouTube mesmo com todas as cotas de patrocínio para ele aqui, já fiz isso pensando que seria uma maneira de levar isso para a TV.  

Eu nunca desisti da ideia do reality, ela surgiu em 2012, mas sempre foram nãos atrás de nãos, até que ano passado eu decidi não esperar a TV e fazer no canal. Na época, a gente já falava para oito milhões de pessoas todos os meses, tínhamos patrocinadores, marcas que acreditavam e fiz acontecer as duas temporadas. 

Houve a oportunidade de levar isso para a TV numa parceria, que é inédita entre uma plataforma digital, uma das maiores produtoras de conteúdo do mundo e uma TV aberta, que é o Me Poupe!, a Endemol e a Band. 

Nós nos juntamos para fazer esse reality em um ecossistema, ou seja, o conteúdo não estará apenas na TV aberta. O Me Poupe! no YouTube é quem vai retransmitir o conteúdo depois que ele for ao ar na Band. 

Vão ter conteúdos extras no nosso canal de YouTube, vão ser as nossas redes sociais que vão dar esse apoio para o merchandising das marcas. Já temos algumas cotas vendidas, mas ainda não podemos divulgar quem são as marcas, porque a gente precisa dos últimos ajustes. 

– Já tem data de estreia?   

Ainda não, a gente sabe que é em outubro. Estamos terminando de definir horário, sabemos que vai ser no prime time, só não sabemos ainda o dia da semana. Levar isso para a TV aberta é mais do que trazer mais dinheiro, mais do que dar nome para a marca, é poder falar para pessoas que nunca teriam acesso à internet, pessoas que ainda estão na TV aberta. Por mais que hoje a gente fale com 12 milhões de pessoas por mês, ainda são pessoas privilegiadas porque têm acesso à internet.

– O formato é seu e você vendeu para a Endemol? É o mesmo formato que está no YouTube? 

Nós somos parceiros do formato. A base é mesma que eu criei. São quatro semanas para cada pessoa sair do vermelho e ir para o azul e eu sou a pessoa que, de fato, senta e traça estratégia para cada um desses personagens.

Serão 12 pessoas com perfis bem distintos. Cada episódio terá começo, meio e fim, não é um reality do tipo MasterChef, não é eliminatório. É uma competição do indivíduo com ele mesmo porque ele tem quatro semanas para sair do vermelho e eu estarei ali, vou traçar um planejamento, serei extremamente rígida, rigorosa, com muitas metas, vai ter choro, porque tem muito a questão comportamental envolvida no endividamento de todo mundo.

O brasileiro tem características bem tradicionais quando a gente fala de comportamento financeiro e é uma população muito mal endividada. O brasileiro não é o mais endividado, mas o pior endividado. A gente tem juros muito altos, créditos muito ruins, as pessoas se endividam muito por consumo e não pensando no que o endividamento vai trazer de positivo para ele depois. Aqui é um dos países mais bizarros com relação a isso. Onde as pessoas se endividam por consumo, nos Estados Unidos nem existe a possibilidade de parcelamento.

– Vai manter o nome? 

Vai se chamar Me Poupe! O reality show.   

– Vai ter um apresentador ou será só você e o participante? 

Sou só eu e o participante, é que é mais que uma apresentação. O modelo que tem que ser seguido, de fato, sou eu quem está por trás da metodologia dessa transformação. Até para ter sucesso, porque isso vem questões psicológicas e comportamentais por trás sobre o que leva uma pessoa a agir em tão pouco tempo.  

Eu precisava criar um método que fosse capaz de tirar uma pessoa do endividamento e deixar ela adimplente e investidora em quatro semanas, eu preciso muito desse relacionamento próximo dela. E é tudo verdade, não está nada combinado e não tem prêmio. O prêmio é uma vida nova. 

– Tendo a Endemol como parceira, há uma possibilidade disso virar um formato para outros países?   

Sim, com certeza. 

– Você tem uma relação próxima com algumas marcas, como 99, Multiplus etc. Além dessas, que outras marcas você representa ou tem parceria? 

Hoje temos parceria com a ModalMais, que é um banco digital sem tarifas, é uma corretora de valores. Temos 99, Downy, Enel, Wine, que é um clube de assinatura de vinhos e Serasa. Já fizemos parceria com Microsoft, P&G em outras marcas.   

– Quais são seus critérios para fechar essas parcerias comerciais? 

Uma das coisas mais difíceis foi entender que marcas poderíamos nos associar. Há uma linha de raciocínio em todas elas. Primeira coisa, elas não podem incentivar o consumo desenfreado e não ter um conceito de custo benefício. A gente só trabalha com marcas que de alguma forma vão trazer mais dinheiro para o seu bolso.  

Eu acredito que o dinheiro foi feito para ser usado desde que ele esteja carimbado para aquilo. Mesmo quando a gente fala sobre Wine, que aparentemente não teria nada a ver, faz muito sentido. Eu já era cliente deles e, poxa, se eu já sou uma consumidora de vinhos, eu tenho dificuldade para escolher, eu vou gastar R$ 40 em um bom vinho no mercado, por quê eu não vou pagar um clube de assinaturas que cada vinho vai sair por R$35? Vão entregar na minha casa e ainda é um especialista que vai escolher aquilo para mim, ou seja, eu já ia fazer essa compra, já estava na minha lista de prioridades e toda vez que eu falo sobre produtos e consumo sempre tem o disclaymer: faça isso desde que esteja na sua lista de prioridades. Você separou dinheiro para isso, não se endivide só porque você achou legal.  

A gente conseguiu vender duas cotas do reality em um mês, é algo que não acontece no mercado. É um dinheiro que não existia e as marcas fizeram existir por acreditar no Me Poupe! e na marca que a gente está criando e isso não tem preço. 

– Em 2017 você foi considerada uma das Youtubers mais influentes do Brasil. Isso fez com que as marcas se interessassem mais por seu trabalho? 

Existe um boca a boca. A gente fez agora uma série de vídeos com depoimentos de marcas e foi o diretor de marketing da Multiplus que falou do FGN, o Fundo Garantidor na Nathi, que as marcas sabem que quando fazem coisas aqui gera resultado. 

Aqui tudo é uma escala empresarial, a gente funciona como se fosse uma agência, a gente vai atender a marca para entender qual o objetivo dela com aquela campanha. Por que ela está me procurando?

Quando eu entendo o que ela quer e se o que ela quer está alinhado com aquilo que a gente prega, a gente vem para dentro de casa fazer a nossa lição, que é: como podemos criar um conteúdo, um discurso que seja bom para quem está assistindo e, depois, que seja bom para a marca Me Poupe! Como essa campanha vai ser boa para a gente? 

Como nos colocamos sempre em primeiro lugar, o resultado para as marcas é natural. A gente trabalha com resultados e com recorrência. 70% das marcas que estão com a gente hoje voltam. A gente já tinha feito contratos anteriores, foi assim com 99, ModalMais, Multiplus, Wine e as marcas ficam porque têm uma aderência.

– O que tem aprendido sobre propaganda e marketing nos últimos tempos? 

Quando todas as pontas estão satisfeitas a campanha é muito bem-sucedida. Se alguma das pontas não foi muito bem atendida, aquilo não vai dar certo. Todos têm que ganhar.  

– Quais são os projetos que o público pode esperar nos próximos meses? 

O nosso próximo passo como empresa é que eu não seja a única influenciadora. A gente já tem outras duas pessoas na plataforma. Uma delas inclusive veio de reality do ano passado, a Bruna, que hoje tem um quadro chamado “Te vira, linda”, que é só de renda extra. E a gente já tem o Jobs, que é um cara muito querido pelo público e este ano nós vendemos uma cota de patrocínio para a Multiplus para ele ter um quadro próprio de viagens.  

Essa é uma proposta que a gente tem para este ano, inclusive. Aumentar isso e trazer cada vez mais influenciadores que falem a mesma linguagem que eu falo, mas dentro de outras verticais.  

A gente vai ter uma pessoa que vai falar de renda extra, viagem, maternidade, carros e assim por diante. A ideia é expandir para várias verticais dentro desse cenário microeconômico de finanças pessoais, que está na vida de todo mundo. No site já é assim, lá a gente tem decoração, moda, beleza, criptomoedas e outros temas dentro desse conteúdo-mãe que são as micro finanças pessoais.