Na era em que as marcas buscam relacionamento com os consumidores, o storytelling foi pauta de uma das conferências que abriram os trabalhos no El Ojo de Iberoamérica 2016, em Buenos Aires, ministrada por Sergio Gordilho, copreseidente e CCO da agência Africa do Grupo ABC, com o tema: “O novo pode fazer você parecer moderno. O bom pode te fazer referência”. Segundo ele, os latinos possuem o dom de contar boas histórias. “Esse é nosso talento”, diz. O executivo ressaltou que este seria o grande diferencial da publicidade latina, que se aliada a tecnologia se tornaria melhor ainda.
Um dia depois, Edson Athayde, CEO e CCO da FCB Lisboa, subiu ao palco do El Ojo para falar sobre “Storytelling: o poder de uma boa história”. O criativo que acumula passagens por diversas agências do Brasil, Espanha e Portugal (naturalizou-se português em 1991), com mais de 400 prêmios em festivais criativos, incluindo sete leões em Cannes e que há vários anos tem estudado o uso do storytelling como ferramenta de comunicação na publicidade, no jornalismo e nas redes sociais, afirmou que a publicidade brasileira não vem se destacando em contar boas histórias. “Parece que os bons contadores de histórias no Brasil vão trabalhar na televisão, em vez de trabalhar na literatura. Talvez os bons contadores de histórias hoje em dia também não estejam na publicidade. Os novos publicitários estão indo para televisão e cinema, onde há uma abertura maior”, diz.
Segundo ele, de modo geral, há mais histórias de qualidade sendo contadas na publicidade global do que há três anos, parte disso ocorreu por conta dos novos formatos. “Hoje é possível contar histórias na web que o modelo na televisão não permitia. Mas infelizmente há lugares e países em que ainda é um desastre total. Nem consegue contar boas histórias na web, nem na televisão. O que acontece é que a exigência agora é essa, o telespectador, o consumidor, o leitor, está interessado em boas histórias. Os Estados Unidos estão bastante adiantados em relação a isso, os latinos vêm se destacando, Espanha é um bom exemplo”, conclui.
Durante a palestra, Athayde disse que poucos briefings que chegam as agências rendem boas histórias e citou diversas vezes Aristóteles, como por exemplo, que a “Espécie humana tem prazer na imitação e necessidade na representação”, quando falou sobre a repetição de histórias.