O projeto da Rinaldi Produções, empresa detentora da marca Patati Patatá, para os próximos anos é ousado: ganhar sorrisos de crianças do mundo todo. E, para isso, os primeiros passos dos palhaços que conquistaram os brasileirinhos acontecerão ainda neste ano e serão dados no Uruguai e na Argentina. “Por que só nós temos que receber personagens internacionais? Por que só nós temos que prosperar esses personagens aqui dentro e eles não podem receber os nossos lá? É isso que eu pretendo fazer com o Patati Patatá!”, diz Rinaldi Faria, criador da dupla e presidente da empresa que administra a marca.
Como anda o mercado de entretenimento infantil no Brasil?
Eu acho que cresceu bastante, modéstia à parte depois do Patati Patatá, porque era um mercado que estava tendendo a ficar esquecido. Tivemos nomes importantes, lá no passado, como Xuxa, Castelo Rá-Tim-Bum e a Turma da Mônica, que nunca saiu de cena. Depois nós vimos um hiato nesse segmento. E, quando surgiu o Patati Patatá, outros palhaços também surgiram. Mas hoje eu percebo que esse mercado de entretenimento infantil tende a entrar novamente num hiato.
Por quê?
Porque as pessoas aproveitam o momento do sucesso e não continuam acreditando naquilo como carreira, como base sólida. Eu acredito que o Patati Patatá não é para mim e sim para o mundo. Foi uma criação que Deus permitiu ter para o mundo. Não apenas para a minha geração e sim para quantas gerações puderem acreditar neles. Mas não é o que eu vejo no mercado hoje.
E o que você vê nesse mercado, então?
O setor como um todo é um mercado momentâneo, um segmento de oportunidades. O mercado cresceu bastante depois do Patati Patatá, mas vejo que ainda falta uma visão mais duradoura, uma visão mais de longo prazo, de que os nossos personagens também podem ultrapassar fronteiras e ir para o mundo. Por que só nós temos que receber personagens internacionais? Por que só nós temos que prosperar esses personagens aqui dentro e eles não podem receber os nossos lá? É isso que eu pretendo fazer com o Patati Patatá!
Como está esse processo de internacionalização da marca?
Nós já tivemos oportunidade de fazer alguns shows nos Estados Unidos há uns quatro, cinco anos. Mas, na ocasião, eu havia freado porque eu pensei que ainda não era a hora. Eu achei que deveria pensar num produto brasileiro com o idioma local. Agora, recentemente, nós fomos para a Suíça e para a Bélgica e recebemos convites de outros países, como Portugal e Alemanha. Mas eu resolvi não aceitar esses últimos. Foi maravilhosa a ida para lá. Em Zurique, na Suíça, os ingressos se esgotaram dias antes do show. E, por conta disso, tivemos outros convites. Mas eu acho nós temos que ir com a carreira internacional pensada para ser uma carreira internacional, não por apenas ser um artista para ir para lá e pronto. Pelo simples fato de sermos um personagem, nós podemos virar um personagem mundial. E o cuidado vai além de irmos apenas fazer shows lá fora. Temos que pensar na cultura local, por exemplo. Será que o nosso humor daqui é o mesmo humor de lá? Será que as músicas que são um sucesso aqui serão sucesso por lá? É um trabalho de imersão na cultura local mesmo. Por exemplo: será que a gente entra no mercado internacional com disco novo, com show novo, com aplicativo? Seria, mais ou menos, como começar do zero de novo. Nós temos que pensar num personagem que pode conquistar o mundo. Para isso, temos que pensar num planejamento. Nós devemos ultrapassar as barreiras da América Latina já no próximo semestre.
Para quais países?
Pelo menos para Uruguai e Argentina. Para esses dois países já é certeza.
Hoje, como está a marca Patati Patatá?
Atualmente estamos fazendo um exercício de poder voltar às bases. Com o passar dos anos, você vai fazendo muita coisa e chega uma hora que você precisa fazer uma formatação da sua mente. E isso passa muito pelas bases. Nós estamos trazendo de volta o trabalho das escolas, o nosso trabalho de corpo a corpo. Nosso trabalho também passa para que a imagem do Patati Patatá seja cuidada da forma que ela realmente merece. Algumas mudanças na roupa dos palhaços vão acontecer, algo que vai deixá-los ainda mais atuais, também vamos mexer no logotipo da marca.
E tem data para isso acontecer?
Nós já estamos trabalhando nisso. Neste segundo semestre as coisas deverão começar a surgir.
O Patati Patatá entrou na Copa do Mundo por meio do aplicativo. Como foi?
Foi maravilhoso! Foi uma homenagem aos jogadores, com a caricatura de cada um ao lado do Patati Patatá. Nós tivemos alguns retornos dos próprios jogadores, que disseram que gostaram muito dessa homenagem – alguns, inclusive, chegaram a publicar nas suas redes sociais.
O Patati Patatá também virou sinônimo de uma marca muito bem sucedida no que diz respeito a licenciamentos.
O mercado de licenciamento é, muitas vezes, oportunista. Ele pensa sempre numa próxima marca. Qual é a próxima que fará sucesso? Ele sempre faz essa pergunta. Só que eles têm percebido que com o Patati Patatá está sendo diferente, porque nós temos um plano 360 graus, o que nos tornou uma licença clássica. É um personagem que fez 30 anos de existência e, depois do sucesso de licenciamento, eles têm percebido a constância nas nossas vendas. Nós já ouvimos dos licenciados isso: que o Patati Patatá é uma licença clássica. O Brasil não tem cultura de licença nacional. O Brasil sempre consumiu licença de fora. A única licença infantil nacional é a Turma da Mônica, que é um clássico. Mas fora a Turma da Mônica não tinha ninguém. Eles sempre ficaram esperando quem seria a bola da vez – e sempre de olho na televisão. Mas isso não foi o que aconteceu com o Patati Patatá, porque nós tivemos os nossos primeiros produtos licenciados dois anos antes de termos o programa na televisão. Então nós já tínhamos feito um movimento diferente. Nós já tínhamos mais de 300 produtos licenciados antes mesmo da TV e já era sucesso. Ganhamos duas vezes o prêmio “Licença do Ano”, sendo que uma vez ainda não estávamos na televisão. Mas, depois de dois anos e meio, as pessoas atribuíram o sucesso à televisão. Para você ter uma ideia, empresas de grande porte, como a Fini, entraram agora conosco – mesmo nós estando fora do ar. Ou seja: é muito difícil conquistar uma empresa que vai licenciar sua marca para te dar um percentual do que ela fatura. Isso só acontece se ela acreditar na importância da sua marca para a empresa dela. Mesmo no ar, é difícil encontrar empresas que querem licenciar. Agora, empresas buscando marcas depois de o produto sair do ar é quase um fenômeno.
O que muita gente não sabe é que o Patati Patatá começou antes mesmo da televisão, não é?
O nosso trabalho corpo a corpo e os musicais do Patati Patatá estão muito enraizados na vida das pessoas. Eu estive, recentemente, lá no interior de Goiás e o pessoal falava muito dos palhaços. Quem tem criança em casa, certamente ouve falar no Patati Patatá. Isso não depende da televisão. Mas é óbvio que a televisão ajuda, e muito. Mas a nossa licença não está fincada na televisão, como a do Maurício de Sousa também não está e é uma das licenças mais utilizadas no país. E o Patati Patatá está nesse meio.
E existe algum projeto para a volta do Patati Patatá à TV?
Infelizmente eu não vou poder falar, mas nós estamos acertando com um canal aberto e com um canal internacional fechado. Temos um contrato de confidencialidade. Para a TV a cabo, serão alguns episódios que trarão alguns personagens do universo do Patati Patatá. E, para a TV aberta, nós ainda estamos conversando para ver a possibilidade de termos um programa, mas a prioridade é a TV fechada.
Qual é o público do Patati Patatá?
De zero a seis anos. Nós somos muito fortes com bebês também. Inclusive, algumas pesquisas nos têm revelado que a marca é muito forte com mulheres de 24 a 35 anos, que são as mães dessas crianças. A prova disso é que nós tivemos anúncios, por exemplo, da Ultrafarma no nosso programa durante mais de dois anos. Por quê? Porque nós tínhamos um público muito fiel de mães. Outro dado interessante: tinham muito mais mulheres ligadas no nosso programa do que no programa da Ana Maria Braga. Também foi realizada uma pesquisa para a Frisco que queria saber qual era a personalidade que mais falava com a família e o primeiro lugar deu o Patati Patatá. Foi esse o motivo que tornou o Patati Patatá garoto-propaganda da marca.
Além do Patati Patatá, a Rinaldi Produções também é a detentora da marca Bananas de Pijamas. Como está esse projeto?
Bom, a Rinaldi Produções optou por lançar novos personagens e nós decidimos trazer esse grande personagem, que é uma marca australiana cuidada pela Endemol. Então, nós fizemos uma parceria para representá-la no Brasil. Mas não só representá-la, já que eles nos deram a oportunidade de produzir coisas do Bananas de Pijamas. O primeiro start será um DVD, depois aplicativo e shows. A ideia é que eles sejam independentes em relação ao Patati Patatá, mas em alguns eles vão se encontrar.