O  estudo Mobile Phone Monthly Tracker, realizado pela consultoria IDC, as vendas de smartphones registraram queda pela primeira vez no país: em abril, foram cerca de 4,86 milhões de aparelhos comercializados, 1% a menos do que no mesmo mês de 2014. Em maio, a queda foi de 16%, com 3,89 milhões de smartphones vendidos. Para o segundo trimestre, os números preliminares mostram que as vendas devem cair 12% na comparação com o mesmo período do ano passado.

“Prevíamos um crescimento de pelo menos 5%, mas agora trabalhamos com volume negativo. Isso é reflexo do momento econômico do Brasil. Em 2014, quando o mercado de smartphones estava forte, houve um aumento de 56% frente ao segundo trimestre de 2013″, avalia Leonardo Munin, analista de pesquisas da IDC Brasil.

Devido ao Dia das Mães e do Dia dos Namorados, historicamente os meses de abril e maio são bons para o mercado de smartphones. “Porém, devido a vários fatores o mercado desacelerou”, afirma Munin. A alta do dólar gerou repasses de preços ao consumidor e os aparelhos intermediários ficaram de R$ 30 a R$ 60 mais caros e os tops de linha tiveram aumento de R$ 100 a R$ 200, afetando diretamente o volume de celulares comercializados.

Além disso, o poder de consumo e a confiança do brasileiro também colaboraram para o desempenho do mercado de smartphones. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 1,4% em junho e chegou a 83,9 pontos, segundo menor nível desde que o índice foi criado, em setembro de 2005. Já o Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 4,9% no mês passado, com 68,1 pontos, o menor nível da série iniciada em outubro de 2005.

Ainda de acordo com o estudo, os canais de varejo e de distribuição estão com estoque de produtos lotados. “É algo nunca visto no mercado de smartphones”, disse Munin. As operadoras estão reduzindo o volume de compras de aparelhos e a maioria das fabricantes está reajustando os negócios e as projeções de venda frente a essa nova realidade do mercado brasileiro.

A IDC Brasil revisou para baixo as suas expectativas para este mercado em 2015. De uma previsão inicial de 63.5 milhões, caiu para próximo a 54 milhões de unidades. “Essa revisão está sendo um indicador de que realmente a economia no país não vive seu melhor momento”, completa o analista da IDC Brasil. Uma boa alternativa para as fabricantes, segundo ele, é apostar nas pessoas que querem trocar de aparelho. “Convencer quem tem um celular tradicional a comprar um smartphone e quem já tem um celular inteligente de entrada ou intermediário optar por um modelo mais robusto é a solução para que o mercado continue girando um bom volume de dispositivos”.