Marc Pritchard, diretor global de marca da P&G, em apresentação do Lions Live (Crédito: Reprodução)

Há mais de três décadas, Marc Pritchard é o responsável pelas estratégias de marketing, publicidade e mídia das marcas que compõem o portfólio da P&G em todo o mundo. Presença frequente no Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, o executivo, desta vez, participou da edição virtual do evento, o Lions Live, para refletir sobre o papel das empresas nestes últimos meses em que o mundo enfrenta a pandemia causada pela Covid-19. 

“O papel dos negócios na sociedade foi interrompido para sempre. Agora, inevitavelmente, temos a responsabilidade de nos reinventar. Com a chegada do surto do novo coronavírus na China, Ásia e Europa, precisávamos unir forças para garantir a proteção das pessoas, fazer com que elas tivessem acesso a produtos essenciais de higiene e limpeza, e dar dar suporte às comunidades oferecendo diversos serviços. Essa é uma ação de humanidade”, comenta Marc Pritchard, diretor global de marca da P&G. 

O executivo reforça que durante todo este período não fizeram publicidade sobre o trabalho humanitário que estavam realizando. “Fizemos uma escolha deliberada de não fazer proclamações públicas sobre as doações que realizamos. Queríamos apoiar as pessoas e utilizar a nossa força para o bem, para ser útil e não para ganhar holofotes”, diz.

Para incentivar as pessoas a ficarem em casa, a marca criou a campanha #DistanceDance no TikTok. A influenciadora Charli D’Amelio foi convidada para desenvolver uma dança no aplicativo e desafiar as pessoas a reproduzirem o vídeo em casa. Nos primeiros três milhões de vídeos compartilhados, a P&G doaria diversos produtos para famílias carentes. 

“Queríamos encontrar uma maneira criativa de envolver as pessoas. Até o momento a dança já foi vista por 16,9 bilhões de pessoas, sendo que já temos 3,4 milhões de vídeos originais postados, que geraram muitas doações. Nossa missão era manter as pessoas seguras em casa, pois muitos de nós tiveram o privilégio de trabalhar em home-office. Mas outros, não tiveram esse luxo e as circunstâncias levaram a um sofrimento muito maior”, ressalta Pritchard.

Diversidade

Acostumado a estar sempre à frente das discussões que envolvem a sociedade, assuntos como a diversidade de gênero e o racismo também foram abordados por Pritchard durante a sua apresentação. O executivo demonstrou diversas ações e iniciativas que a companhia vem realizando para tentar mudar a sociedade.

Quando o assunto é racismo, a marca apresenta uma série de filmes que evidenciam experiências vividas por pessoas pretas, abordando diálogos, exibindo preconceitos e tentando criar empatia para mudar perspectivas. 

“Precisamos aumentar a conscientização sobre as desigualdades. A realidade brutal do racismo sistêmico foi revelada e não podemos deixar isso de lado. Protestos ao redor do mundo ganharam as ruas. É um despertar coletivo. O racismo não é novo. Faz parte da cultura americana há 401 anos e existe em todos os lugares. Agora chegou o momento de avançarmos em prol da igualdade. Nunca estive mais determinado e inspirado”, diz.  

Ainda segundo o executivo, é preciso refletir sobre a própria existência. “Quando se trata de igualdade racial é importante entender como você foi afetado. Meu pai era um homem mexicano americano, mas seu sobrenome era Ricard, com isso, assumi as vantagens de ser um homem branco. Talvez, se não fosse isso, minha vida teria tomado um caminho diferente. Então, reconheci as vantagens de ser visto como branco. Os pretos não têm esse privilégio. É preciso trazer luz ao assunto e ao racismo que os homens pretos enfrentam todos os dias”, diz.  

Outros filmes apresentados durante o Lions Live abordam sobre os desafios da comunidade hispana nos Estados Unidos, a igualdade de gênero e a luta da comunidade LGBTQIA + para combater o preconceito.

“A P&G tem a responsabilidade de acelerar algumas etapas importantes quando o assunto é igualdade. Estamos realizando uma mudança sistêmica para obter uma representação maior da comunidade preta e de todas as outras pessoas coloridas. Nos Estados Unidos, por exemplo, nossa aspiração é ter pelo menos 40% de representatividade multicultural dentro da P&G. Também queremos garantir que nosso conteúdo e publicidade sejam mais abrangente para que todas as pessoas sejam retratadas de forma precisa e respeitosa. E, assim, eliminar preconceitos e promover a igualdade”, finaliza Pritchard.   

Confira outros filmes apresentados: