Um estudo inédito da Revelo indica que, no setor de tecnologia, existe diferença de 17,4% nos salários oferecidos a mulheres, quando comparados aos vencimentos dos homens. A diferença é consistente em todas as carreiras, categorias e níveis de senioridade. Além disso, elas são menos representativas em funções de tecnologia, o que perpetua estereótipos de “carreiras de meninos”. Em média, elas optam por carreiras de desenvolvimento de software com 73% menos frequência que os homens.
Algumas das principais empresas do setor, no entanto, estão lutando para diminuir esse tipo de problema. Segundo Gabriela Batista, profissional do Google e representante do Women@Google, há esforços permanentes na casa, como a existência do Comitê de Mulheres, grupo focado no empoderamento das mulheres de empresa.
“Acreditamos que não há inovação sem diversidade. O Google deve ser um lugar onde pessoas de diferentes origens e experiências tenham a oportunidade de fazer seu melhor trabalho. A verdade é que ainda não estamos lá. Sabemos que a diversidade e a inclusão são valores críticos para o nosso sucesso e inovação no futuro. Nós também sabemos que desafiar os vieses (dentro e fora do Google) é a coisa certa a se fazer. É por isso que continuamos a apoiar esforços relacionados aos nossos compromissos com o progresso”, afirma a profissional.
Como forma de ajudar as mulheres a conquistar espaço na empresa, o Google tem programas como o Stretch, que permite a elas darem feedbacks para construir relações de trabalho mais fortes, e o Pure Mentoring, que desenvolve talentos femininos através de mentoria. Além disso, há iniciativas como a licença paternidade de 84 dias, que possibilita ao pai dividir responsabilidades com as mães.
Na Adobe, a prioridade recente foi equiparar os salários entre homens e mulheres, fato conquistado em 2017, segundo Gabriela Viana, diretora de marketing da Adobe para a América Latina. “Antes mesmo do foco na liderança é necessário resolver a inexplicável diferença salarial entre os gêneros que ainda temos em tantas indústrias”, avalia.
A empresa adotou políticas como a de licença-maternidade e paternidade, horas flexíveis e home-office, além de creches em alguns escritórios pelo mundo. Possui programas como o Women’s Executive Shadow Program, no qual mulheres podem experimentar os desafios de liderança, e o Women Unlimited, que provê educação, mentoria e networking.
“Há um objetivo consciente na contratação de mulheres na empresa. Especificamente na área técnica, exatamente 50% dos novos funcionários são mulheres. Em vendas, outra área tradicionalmente masculina, também contratamos três profissionais do gênero”, explica a executiva. “As mulheres representam 51,6% da população brasileira. Quando nós, mulheres, tivermos papéis condizentes com essa proporção na política, no mundo corporativo e na sociedade em geral, seguramente isso beneficiará a todos”, completa.
O Pinterest, por sua vez, oferece 180 dias de licença maternidade integral e quatro semanas de retorno gradual ao trabalho. Além disso, ampliou as contratações em áreas antes dominadas por homens.
“Superamos nosso objetivo de contratação para cargos de engenharia, com 26% de mulheres”, afirma Candice Morgan, chefe de diversidade do Pinterest. A empresa também adota a política de, a cada processo seletivo, ter uma mulher e um representante de grupo étnico sub-representado.
“Acreditamos firmemente que a inclusão e a diversidade tornam nosso negócio mais forte. Como parte do nosso comprometimento com a inclusão e a diversidade no Pinterest, examinamos o que os nossos gerentes mais fortes estavam fazendo para construir equipes inclusivas e criamos uma lista de boas práticas baseadas nesses princípios para que líderes de todos os níveis possam colocar essas práticas em ação”, explica Candice.
Leia mais
Igualdade de gêneros no esporte é projeto de longo prazo
Premiações diferentes para homens e mulheres no Oi Park Jam geram polêmica em campeonato de skate