A reforma política e a crise econômica que o país vive atualmente permearam os debates da tarde deste domingo (19) durante o painel “Medidas para combater a crise institucional e política no Brasil” do Fórum de Comandatuba, realizado pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), que acontece até a próxima terça-feira (21), na Ilha de Comandatuba, na Bahia.
Um dos principais nomes deste encontro, Eduardo Cunha (PMDB), presidente da Câmara dos Deputados, comentou sobre uma possível reforma política. “Vamos discuti-la sim, e esse é um assunto que temos que debater de uma forma muito clara, pois já temos eleições nos próximos anos”, diz.
Outro tema abordado, ainda sobre essa reforma, foi o fim do voto obrigatório. “Eu não acho que esse seja o caminho, a prova foi que, mesmo o voto hoje sendo obrigatório, muitas pessoas não foram às urnas no ano passado, e uma medida como essa pode acarretar num número de votos não suficientes para legitimar um mandato”, afirma.
Cunha ainda comparou a reforma política com o futebol. “Ela (a reforma política) é igual à Seleção Brasileira, cada um tem a sua sugestão, mas, independente disso, é preciso chegar a um conjunto ideal de ideias”, avisa.
Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que também participou do segundo painel do dia, enalteceu a importância do debate em um momento delicado como o que o Brasil atravessa atualmente. Para o tucano, a Câmara dos Deputados está “grávida” desse pedido popular. “Mas essa reforma que muita gente pede precisa ter princípios, é necessária uma diretriz”, fala. “Temos, por exemplo, na Câmara 28 partidos. Fora dela são 39 Ministérios, e isso é um passo para o fracasso”, completa.
Crise política
Já em relação ao atual momento político no Brasil, o presidente da Câmara classificou como “peculiar”. Ele acredita que faltam explicações por parte do Governo Federal sobre os ajustes fiscais. “Faltaram falas do Governo que pudessem explicar o que esses ajustes fiscais acarretariam na vida e no dia a dia do povo brasileiro”, diz.
Ele relembrou as quatro últimas eleições presidenciais vencidas pelo Partido dos Trabalhadores. “Todas as três primeiras eleições vencidas foram vitórias hegemônicas, diferente da do ano passado, que foi apenas uma vitória”, afirma. No entanto, uma das soluções dadas pelo presidente da Câmara dos Deputados para sufocar a crise política brasileira é a independência dos Poderes, “mas que a harmonia entre eles sejam sempre harmônicas”.
Relação com outros países
Representando o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB), que não pode comparecer, Romero Jucá (PMDB) criticou a “simpatia” do Brasil com alguns países da América Latina. “Nós somos um país capitalista e uma ideologia diferente disso não cabe aqui”, afirma. “Nós não podemos estar alinhados com países como Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina”, completa.
Com base nisso, Jucá defendeu a reconstrução dessa história. “Temos que ter os Poderes independentes, um discurso de vanguarda, com segurança jurídica, credibilidade do Governo Federal e previsibilidade econômica”, diz.
Homenagem
Durante o painel da tarde deste domingo, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, fez uma homenagem a João Doria, pai de João Doria Jr., que teve o seu mandato como deputado federal cassado durante a ditadura militar, em abril de 1964. Bastante emocionado, o presidente do Lide agradeceu a homenagem e relembrou o tempo em que teve que viver fora do país por conta do exílio de seu pai.