Quando se é jovem, todo o resto é velho. Quando você começa a envelhecer dá início a um processo de resignação. Ouve-se sempre dizer temos de “envelhecer com dignidade” ou “me sinto jovem”, “faço tudo o que um jovem faz e, agora, melhor, porque tenho experiência”. Balela! Tudo balela! As pessoas não querem envelhecer “sem filtro”. Umas menos outras mais, mas a maioria faz plástica para disfarçar ou melhorar. Nada contra, muito pelo contrário. Mas não tentem convencer de que estão satisfeitas com a possibilidade de mais alguns anos serem reconhecidos como senhor ou senhora. Não é fácil!

Pode-se comprovar no próprio mercado publicitário. Nenhum anunciante cria ou fala que seu produto é sênior. Deus me livre e guarde! Exceção para os produtos geriátricos, planos de saúde e remédios, claro. Nem os cruzeiros fazem campanhas ligadas aos idosos. Casais jovens com filhos (poucos) sempre estão na mira dos donos dos navios. Embora o esforço seja para atrair os jovens, quem viaja mesmo são os velhos, endinheirados, descompromissados, prontos para deixar escoar uma pequena fortuna.

No entanto, continua sendo um segmento invisível. Na verdade o mercado não sabe bem o que fazer com essa população. Talvez criar uma marca para não atrapalhar os outros negócios da empresa? Talvez deixar disso, e arriscar para ver o que acontece. Quem tem coragem? O problema todo é que estão perdendo dinheiro, desde os segmentos de moda e vestuário até o imobiliário e o automobilístico.

Um dos departamentos da Kantar fez recente pesquisa que garante que os idosos gastaram mais do que qualquer outra faixa etária. E são vistos como “ETs”. O anunciante foge como o diabo foge da cruz.

Instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas), 1º de outubro marca o Dia Internacional do Idoso, faixa que vem crescendo em quantidade e também oportunidade de mercado no Brasil. Entre julho de 2017 e 2019, o país ganhou 1,2 milhão de novos lares com mais de 65 anos, segundo a multinacional de painéis de consumo Kantar.

Do total de 9,4 milhões de lares maduros brasileiros, 64% têm entre 1 e 2 pessoas, 86% não têm crianças de até 12 anos e 38% têm carro. Além de menores, essas famílias têm uma renda média domiciliar mensal 9% maior do que o restante da população.

Neste cenário, os novos seniores formam um mercado gigante com enorme potencial de crescimento. Apesar de todas as faixas de idade terem reduzido a frequência de compra de bens de consumo massivo nos últimos anos, atualmente, os idosos são o único target que apresentou crescimento em unidades (+2,1%), volume comprado (+0,6%) e valor desembolsado (+5,3%) nos últimos 12 meses terminados em julho deste ano. Os dados são da Kantar.

Em 1º de outubro foi comemorado o Dia Internacional do Idoso. Existe quem se pergunte se há o que se tem o que comemorar? A resposta é tem sim, já que avanços são muitos e é até por isso que podemos discutir o assunto em qualquer espaço. E a expectativa de vida só aumenta. Portanto, o mercado deve mudar o olhar e atitude na direção dessa população, pois tem lenha e dinheiro para queimar, e as marcas podem ganhar muito com os grisalhos.