Em janeiro do ano próximo o mundo celebra 150 anos do surgimento do cartão-postal, uma ideia que revolucionou a comunicação; o hábito de enviar correspondências para parentes ou amigos distantes ganhou uma plataforma que incorporava imagens de paisagens, personalidades, elementos da natureza, moda e estilo, artistas das companhias de teatro, símbolos… O cartão postal surgiu na Áustria, em 1869, por iniciativa de Emanuel Hermann, professor de economia. O seu objetivo era baratear o custo postal, partia do pressuposto de que a maioria das pessoas preferia mensagens curtas. Hermann imaginou que ninguém trataria de intimidades nessa correspondência aberta, enganou-se o postal foi também um veículo de declarações de amor. No ano seguinte à sua invenção nasceu o cartão postal com propaganda.
A publicidade logo farejou o valor agregado desse veículo cuja característica era de longa vida, longa exposição da marca, uma vez que as pessoas guardavam sempre e algumas colecionavam os cada vez mais vistosos cartões postais. Era uma mídia interessante com uma qualidade de impressão que superava o jornal e que se equiparava às revistas, mas, podia ser distribuída no ponto de venda ou para públicos específicos em eventos como as exposições nacionais e outros do gênero. O público alvo recebia de graça um belo cartão postal para ser guardado ou postado nos correios, com uma mensagem para um amigo, ou, parente distante.
A partir de 1870 cartões postais com propaganda circularam na Europa, em cromolitografia. O Brasil conheceu o cartão postal somente em 1880, e nessa década surgem os primeiros modelos com propaganda. Os fabricantes de cigarros e de remédios e mais tarde a indústria de bebidas, (alcoólicas e de águas minerais) e o varejo fazem farto uso dessa mídia, em especial durante a primeira década do século XX quando o colecionismo já se tornara uma febre, um modismo de época. Alguns anunciantes inovam no formato disponibilizando um espaço em branco junto da imagem do produto para o emissor escrever o seu bilhete postal. Uma estratégia para fixar a atenção.
Os estabelecimentos de varejo aproveitaram a mídia para divulgar o interior de seus estabelecimentos, enquanto os fabricantes de remédios recorriam á imagens que retratavam situações de desconforto, ou, de alivio, as vezes com bom humor. O certo é que milhares de motivos publicitários circularam no Brasil, os mais antigos impressos na Europa, em especial na Alemanha que dispunha de bons parques gráficos. Além dos cartões específicos de um produto ou serviço tínhamos os genéricos. Uma imagem que tanto podia ser utilizada por uma loja de moda como por uma indústria. Bastava imprimir o nome do estabelecimento superposto sobre a imagem. O efeito não era o mesmo e nem sempre se obtinha a adequação da imagem ao produto divulgado.