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Que participar do Festival de Cannes é extremamente caro, todo o mercado sabe. Que as agências têm mandado cada vez menos criativos para a Riviera Francesa, todo mercado também sabe. Atualmente, as margens das agências estão  menores, as equipes, maiores e com diferentes cargos, o que diminui ainda mais a possibilidade de criativos irem ao festival, a menos que  sejam Young Creative ou a empresa banque. O que poucos sabem, mas é regra do festival, é liberar um young pass para as agências que tiverem inscrito ao menos 15 peças no ano anterior. Essa atitude certamente ajuda, mas não resolve.

Por outro lado, o Festival de Cannes cresceu muito nos últimos anos, extrapolando as grandes escadarias do Palais. Diversas ações acontecem nos arredores, oferecidas pelos players do mercado, que fincaram suas bandeiras nas areias de Cannes e a cada ano aumentam exponencialmente suas participações. Hoje, por exemplo, é possível assistir, gratuitamente, a palestras de alta qualidade, degustar petiscos  franceses, aumentar o network e se divertir com uma taça de vinho nacional sem o custo da entrada no Palais do Festival.

Sendo assim, acho que temos uma real dificuldade em participar do evento, mas, ao mesmo tempo, existe uma oportunidade. O que aconteceu na prática foi a organização e a volta  espontânea, leia-se por conta própria, de muitos criativos brasileiros, circulando pela Croisette em busca de boas discussões, aprendizados e conhecer mais sobre sua profissão, aproveitando todo esse pacote de conteúdos gratuitos ao longo da praia de Cannes. Se o festival não tem uma solução para os dias de hoje – há alguns anos já existe até um pass bem mais caro do que o complete pass, com o qual o portador não pega filas, no melhor estilo Disney -, as pessoas encontram uma solução, conhecida por aqui  como “pipoca”. E ela está  bombando. Resta saber se o pass e o crachá de entrada vão, um dia, virar um abadá.

Fábio Astolpho é diretor de criação executivo da F.biz