As empresas jornalísticas como empresas multiplataformas. É com base nisso que a ANJ (Associação Nacional de Jornais) apresentou o seu novo posicionamento durante o 10º Congresso Brasileiro de Jornais, promovido pela associação, que é realizado no WTC em São Paulo. A base da campanha, elaborada pela Lew’LaraTBWA, defende que o conteúdo produzido pelos jornais se espalha pelas ruas e pelas redes sociais e que acaba pautando outros meios de comunicação, como o digital.
Ana Amélia Cunha Pereira Filizola, diretora da unidade de jornais do Grupo GRPCOM, destacou a necessidade de dar um novo significado à palavra jornal. “Precisamos ressignificar a palavra jornal. Quando falamos em jornal, não estamos falando em papel, e sim em informação”, ressaltou. Ainda de acordo com Ana Amélia, o alcance do meio digital é excelente, mas o jornal de papel carrega uma maior credibilidade.
O poder do jornal pode ser comprovando por meio de um levantamento no qual é possível comparar a audiência do meio impresso em relação ao digital. O Ipsos Marplan revelou que, em um único dia, 851 pessoas leem jornal impresso, enquanto 338 acessam algum conteúdo online – dado esse levantado pela comScore. No mês, esse número sobe para 2.280 leitores contra 4.421 internautas. “As duas palavras são o caminho para o futuro, mas precisamos fazer jus ao impresso”, afirma. Também segundo o levantamento feito pela Ipsos Marplan, o público do jornal é mais atento à publicidade. “A propaganda no meio jornal tem mais credibilidade, é o que nos aponta os estudos”, diz. “Ela está 47% à frente de outros meios de comunicação”, completa Ana Amélia.
Com base nisso foi proposto um novo reposicionamento da ANJ, que contempla cinco esferas: a Digital Premium (ad network para venda de mídia dos sites), Marketplace Jornais (venda de formatos padronizados no impresso em campanhas nacionais ou regionais), Capacitação (a ANJ vai apoiar e instruir treinamentos internos sobre as novas práticas), Novas Métricas (desenvolvimento de aferição de audiência de jornais) e Campanha, que englobará jornal, rádio, internet e TV. “Com isso, agora, as agências de publicidade poderão entrar no site, checar o perfil dos jornais, negociar e comprar mídia. A ideia é que tenhamos mais de 100 jornais associados ofertando seus espaços”, diz.
Inovação
Jean-Marie Dru, chairman da TBWAWorldwide, foi o responsável por abrir o 10º Congresso Brasileiro de Jornais. A pauta: a necessidade de inovar para avançar. “E, para que isso aconteça, é preciso que a gente deixe para trás o passado. É preciso que haja uma ruptura com o anterior”, garante.
Contrapondo-se com o novo conceito da ANJ, o executivo garantiu que o futuro da notícia passa pelo vídeo. O motivo, diz ele, é que o audiovisual é mais atrativo aos mais jovens. Jean-Marie Dru afirmou que, na ordem de importância, o vídeo vem antes da matéria. “Não é novidade para ninguém que é no jornal onde tudo começa, no entanto, ainda vejo a necessidade de o digital vir em primeiro lugar”, ressaltou.