Intermediárias dos trabalhos realizados por fornecedores especializados, como produtoras de comerciais e áudio, gráficas e estúdios de conteúdo, por exemplo, as agências de publicidade foram surpreendidas na manhã desta segunda-feira (2), quando começaram a emitir notas fiscais eletrônicas, com a cobrança do ISS (Imposto Sobre Serviços) sobre o valor pleno e não sobre a sua receita.
A informação sobre a cobrança de 5% sobre o valor chamou a atenção dos profissionais de finanças e contabilidade das agências devido a uma observação para esse novo momento fiscal decidido pela Prefeitura de São Paulo na NF.
Segundo uma fonte com conhecimento do mercado publicitário, a tributação do ISS é paga pelo fornecedor do serviço. A agência emite a nota por ser o agente que contrata os serviços de produção realizados por terceiros. Essas empresas é que são responsáveis pelo pagamento do tributo. As agências não recebem comissionamento sobre produção.
No caso de uma fatura de R$ 1 milhão, a agência está obrigada a pagar R$ 50 mil sobre esse tributo municipal. “É bitributação”, diz uma fonte. “Caso essa decisão seja mantida, haverá um rombo enorme nas finanças das agências”, prossegue o interlocutor.
O pagamento do ISS sobre o total da fatura e não apenas em relação à receita líquida das agências é uma discussão que ganhou espaço na agenda da Prefeitura de São Paulo e das agências de publicidade de São Paulo desde o final do ano passado.
O Sinapro (Sindicato das Agências de Publicidade de São Paulo) e a Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade), por meio do jurista Paulo Gomes de Oliveira Filho, estão fazendo gestões para tentar reverter a decisão da Secretaria de Finanças da Prefeitura de Sâo Paulo, mas até o presente momento o governo paulistano, segundo a fonte, está irredutível em relação à decisão.
A medida também vai afetar as agências que atendem a publicidade da Prefeitura de São Paulo, a Nova/SB e a Lua Propaganda. Elas terão que pagar o ISS sobre das faturas de trabalhos realizados por fornecedores especializados e, como é de conhecimento geral, anunciantes públicos não pagam honorários sobre produção e e criação. “É incoerente”, reforça a fonte.
A saída mais conveniente é a emissão das notas exclusivas às receitas das agências. E os fornecedores fazerem isso diretamente com a Prefeitura, interrompendo um modelo clássico do negócio da propaganda. “Mas, caso seja um cliente público, que contrata a agência por meio de licitação e não os fornecedores com os quais ela escolhe para executar um trabalho, qual será a saída?”, questiona a fonte.
O governo liderado por João Doria revogou o descreto 53.151 assinado pelo prefeito Fernando Haddad em 17 de maio de 2012 por outro de número 58.045 publicado no dia 27 de dezembro de 2017.
Leia mais.
Agências temem perda de receita com nova cobrança de ISS
Prefeitura de SP altera esquema de tributação das agências de publicidade