Em tempos de videochamada com salas lotadas para debates de projetos fica nítido o crescimento de profissionais pretos nas agências e clientes. Porém, sabemos que em sua grande maioria essas pessoas são parte da base que sustenta uma pirâmide cujo topo é sempre branco.
Recentemente, assistimos à Cristina Junqueira, uma das fundadoras do Nubank, dizer ao vivo no Roda Viva que “não dá para nivelar por baixo”, referindo-se à dificuldade de recrutar funcionários negros qualificados para cargos de lideranças, um pensamento que reflete em números, quando analisamos a presença, de pretos na publicidade, por exemplo. Segundo o estudo feito pelo Gemaa (Grupo de Estudos de Ação Afirmativa) da UERJ e divulgado pela Folha de S.Paulo, a publicidade ainda é composta por 78% de pessoas brancas.
A sorte é que temos empresas que acreditam que preto no topo é sinal de qualificação e não de nivelamento por baixo. A sorte do Twitter é ter uma Samantha Almeida liderando projetos do Twitter Next Brasil. A sorte da L’Oréal é ter a liderança da Helena Bertho na comunicação da empresa, do Google com o comando da Christiane Silva Pinto ou da Visa com a Camila Novaes. E que sorte a minha e de irmãos pretos e pretas no Brasil de termos personalidades como essas para nos inspirar.
Parafraseando Martin Luther King Jr: “Eu tenho um sonho” e vou enxergar cada vez mais pretos na publicidade, na medicina, na televisão e sem ninguém ter nivelado por baixo a disputa, e sim, por merecimento.
Afinal, preto no topo já é uma realidade e nós iremos continuar lutando para que esse número de 78% de pessoas brancas na publicidade diminua cada vez mais e possamos equilibrar o jogo.
Julio Beltrão trabalhou como PR da Avianca Brasil, onde fez a gestão do time de influenciadores da companhia aérea, além disso, teve passagem pela Multicoisas e Tubelab e hoje integra o time artístico da Mynd8