O mercado publicitário aguarda com ansiedade o desfecho do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a ser declarado pelo Senado da República, segundo todas as expectativas, para recuperar o ano até aqui sofrido.
 
Alê Oliveira

 
Fazemos votos para que isso ocorra o mais rápido possível, sem prejuízo naturalmente de ampla defesa à acusada, que piorou um pouco mais a sua situação perante setores pensantes da sociedade brasileira, ao anunciar, ainda no Brasil, a denúncia de um golpe parlamentar de que estaria sendo vítima, perante os delegados de todos os países filiados à ONU, na sede desta em Nova York.
 
Ainda bem que S.Exa. teve tempo suficiente para refletir e ouvir alguns conselheiros menos radicais, além da importância que sobre a sua fala deve ter proporcionado a manifestação contrária de alguns integrantes do STF. Seu discurso, que em muito poderia prejudicar a imagem do Brasil no exterior, tendo em vista a contradição do ponto central da sua “queixa ao mundo”, acabou sendo mais ameno, ainda que se referindo a um “grave momento” no Brasil.
 
A marcha à ré da presidente – diante do que havia prometido falar na ONU – pode não ser suficiente para virar o jogo no Senado, mas circunscreve ao território nacional a batalha política que está desaguando no impeachment, sem afetar o mundo exterior com mais uma das suas inverdades.
 
Aliás, é curioso como ela e os seus mais chegados ministros, além dos principais dirigentes do seu partido e parlamentares eleitos pela sigla, decoram bordões que não se cansam a todo o momento de repetir, ainda que sem base na realidade e, portanto, nos fatos.
 
Seriam bons publicitários, se ainda não existisse o Conar.
 
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Nessa batalha de palavras e ataques à cidadania que a questão do impeachment tem provocado, salta aos olhos a ausência de uma escala de prioridades em boa parte da população (ver frase do mestre Peter Drucker abaixo).
 
O que está em jogo agora, para os que são a favor do impeachment, obviamente (e segundo as pesquisas trata-se de maioria absoluta da população brasileira), é debater para que seja atingida essa finalidade, sem a qual o país não terá condições de correr atrás do tempo perdido.
 
Porém, muitos integrantes dessa maioria da população querem também o impeachment de Temer, de Cunha, de Renan e mais uma meia dúzia, dentre os quais o inadequado Bolsonaro.
 
Esse tipo de manifestação de vontade tende a complicar as coisas, pois é necessário entender que por enquanto o processo político está estabelecido contra a presidente da República.
 
Há outros processos correndo, inclusive o do TSE, pelo qual poderão ser julgados Dilma e Temer por impropriedades na campanha eleitoral.
 
A hora agora, porém, é acompanhar o impeachment no Senado, torcendo a favor quem quer a saída de Dilma, e torcendo contra quem quer que ela permaneça.
Qualquer que seja o resultado, não impedirá que outras cabeças venham rolar mais adiante, desde que merecedoras desse destino e sempre dentro da lei. Querer precipitar a ordem de importância das coisas, pode provocar um mau resultado pela confusão daí decorrente.
 
Prioridades, importante repetir, é o nome do jogo.
 
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Após a Ampro divulgar seu manifesto contra a crise econômica e política que nos assola, divulgado em nossa edição de 11 deste mês, foi a vez de a Fenapro assinar o seu, noticiado na edição seguinte (18) do PROPMARK.
 
É necessário que mais entidades representativas do mercado se manifestem, mesmo que o processo de impeachment da presidente da República prossiga apresentando maior probabilidade de aprovação.
 
Não basta apenas que a presidente da República deixe o governo. É necessário que o atual vice a assumir e o Ministério que formará estejam imbuídos do esforço a ser feito – e muito rapidamente – para que o Brasil reencontre o caminho do desenvolvimento.
 
Nem devemos pedir isso em nome de todos os que estão sendo prejudicados (e alguns massacrados) pela crise que se instalou entre nós, aboletando pessoas físicas e jurídicas.
 
Basta pedir em nome dos mais de 10 milhões de desempregados como consequência das diatribes de um grupo que tomou o poder no Brasil, aparelhou o Estado e nele instalou uma organização criminosa, que ainda veremos totalmente desvendada, sendo revelado – o que ainda em muito nos surpreenderá – o tamanho verdadeiro dos seus desvios. 
 
Quem já esteve ou está desempregado, sabe muito bem o que isso representa para arrasar o cidadão.
 
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O Prêmio Colunistas, uma das mais antigas e tradicionais premiações do mercado publicitário brasileiro, prestes a completar 50 anos ininterruptos na escolha dos melhores empresários, profissionais, agências, anunciantes, meios, produtoras e fornecedores do mercado, além dos produtos finais do seu trabalho, traduzidos em anúncios, peças e campanhas, realizou no último dia 16, em São Paulo, o julgamento dos melhores do país.
 
Desse grande júri, participaram todos os premiados nas diversas regionais do mercado publicitário brasileiro. Os jurados são em sua maioria jornalistas que mantêm um espaço na mídia dedicado ao tema da comunicação do marketing. O júri convida também profissionais de renome do mercado para participar e opinar sobre as escolhas, delas inclusive participando.
 
O resultado completo do Colunistas Brasil está na presente edição do PROPMARK.
 
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O Brasil que, apesar da crise, ainda reúne forças para dar certo: a BMW vai exportar 10 mil carros para os Estados Unidos, produzidos na fábrica de Araquari (SC). Os embarques vão de julho a dezembro deste ano.
 
“Se você não estabelecer e não sabe  o que é prioritário, certamente  vai priorizar o irrelevante.”  (Peter Drucker)
 
Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que edita o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda