José Maria Marin, ex-presidente da CBF, preso em operação na SuíçaEntidade máxima do futebol no mundo, a Fifa sofre uma crise de imagens há anos e constantemente surgem novos capítulos nesse processo de deterioração de credibilidade. O novo episódio é a prisão de nove dirigentes da entidade na manhã desta quarta-feira (27) em Zurique, na Suíça, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, que deixou o cargo recentemente na confederação brasileira para o aliado Marco Polo del Nero. Marin e os outros detidos foram à Europa participar das eleições da Fifa, marcada para esta sexta (29).

O pedido de prisão foi expedido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que aceitou as denúncias de uma grande investigação do FBI iniciada em 2011, e contou com a colaboração da polícia suíça.

Dentro do imenso esquema de corrupção, são mencionados crimes como pagamentos obscuros e ilegais, propinas e subornos. Além de um suposto esquema de venda das próximas Copas do Mundo para Rússia e Qatar, fato que já havia sido denunciado publicamente antes mesmo do torneio realizado no Brasil no ano passado, também estão sob investigação contratos de marketing no futebol brasileiro. A nota do FBI cita diretamente a CBF.

“A maior parte dos esquemas alegados no indiciamento se relacionam à solicitação e recebimento de subornos por dirigentes de futebol pagos por executivos de marketing esportivo em conexão com a comercialização de direitos de mídia e marketing de diversas partidas e torneios – incluídas aí eliminatórias da Copa do Mundo na região da Concacaf, a Copa de Ouro da Concacaf, a Liga dos Campões da Concacaf, a Copa América Centenário, a Copa América, a Copa Libertadores e a Copa do Brasil – que é organizada pela CBF. Outros esquemas alegados se relacionam com o pagamento de suborno em relação ao patrocínio da CBF por uma grande marca esportiva americana, a escolha da sede da Copa de 2010 e a eleição presidencial da Fifa em 2011″, diz a polícia federal norte-americana.

A grande marca norte-americana envolvida na investigação é a Nike, que patrocina a seleção brasileira desde o fim dos anos 90 e já foi inclusive investigada pela CPI do Futebol, realizada no Congresso Nacional, por irregularidades e pagamentos de comissões indevidas a dirigentes brasileiros pelos direitos de fornecer material e explorar a imagem do time nacional do Brasil.

Outro brasileiro investigado pelas autoridades dos Estados Unidos é o executivo de marketing esportivo J. Hawilla, presidente do grupo Traffic, que já teve que devolver US$ 25 milhões ao governo norte-americano e está participando de um programa de delação. Ele, que já considerado réu confesso, possui um grupo de empresas subsidiárias nos Estados Unidos e participou da intermediação de contratos da CBF no passado, assim como da negociação de acordos de direitos de televisão da Copa Libertadores e da Copa América. A Traffic também teve exclusividade na comercialização de direitos internacionais de TV da Copa do Mundo da Fifa no Brasil, em 2014.

Ainda há outro brasileiro preso na operação: José Marguiles, conhecido como José Lázaro, presidente do grupo Valente Corp Somerton, empresa ligada a direitos de transmissões esportivas. O empresário é acusado de intermediar pagamentos ilegais entre executivos de marketing e autoridades do futebol.

Durante o anúncio das prisões desta quarta-feira, o procurador dos Estados Unidos responsável pela operação, Kelly T. Currie, fez questão de declarar que este não é o fim da novela. “Que fique claro: este não é o último capítulo da nossa investigação”, disse.

Mesmo com todas as denúncias envolvendo a Fifa e confederações nacionais próximas à entidade, o atual presidente Joseph Blatter é o favorito a vencer as eleições deste fim de semana.

Com informações da BBC Brasil, UOL e Globoesporte.com