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Como resolver a difícil equação de prestar um bom serviço, muitas vezes atrelado à personalização, sem invadir a privacidade das pessoas? Como conseguir eficiência máxima numa campanha de marketing sem ultrapassar os limites da ética recomendados e impostos pela Lei Geral de Proteção de Dados que entra em vigor em agosto do ano que vem? Estas foram algumas das questões discutidas no Mix de Mídia, evento realizado na Casa Firjan, no Rio de Janeiro, pelo Grupo de Mídia do Rio de Janeiro e que teve como ponto de partida a palestra de André Ferraz, cofundador e CEO da empresa de inteligência de localização In Loco.

A princípio forte candidata a vilã na discussão sobre privacidade, a In Loco se posiciona como uma plataforma que respeita a privacidade porque coleta informações de comportamento, no lugar de identidades específicas.    

“Estamos expostos no mundo digital e no mundo físico.  Estamos na chamada ‘surveillance economy’, onde celulares são monitorados pelo Google até quando desligados. Muitas empresas usam ferramentas que trazem riscos à privacidade. A internet amplifica a maldade humana”, disse.

Segundo ele, a solução é acompanhar o comportamento de consumo das pessoas protegendo seu anonimato. As empresas precisam ser transparentes e sempre dar ao usuário a escolha de compartilhar ou não dados, sabendo como e para quê eles serão usados.

“Informações comportamentais são mais importantes do que informações identificáveis. Não é preciso olhar no nível individual. Manter informações individuais das pessoas é perigoso porque elas podem vazar. É mais fácil quebrar do que construir, é como uma caixa de areia”, disse Ferraz, lembrando que semanalmente gigantes como Facebook, Google, Apple, Amazon, Tencent e Alibaba são hackeadas e sofrem invasões.

As considerações de Ferraz inspiraram o debate do qual participaram ele próprio, Viviane Vela, diretora de mídia da Kolab, Igor Puga, diretor de marketing e marca do Santander, e Antonio Jorge Pinheiro,  presidente do Grupo de Mídia do Rio de Janeiro.  Puga, do Santander, disse que no mercado de bancos o uso de dados é desafiador porque em grande medida a eficiência de um serviço depende do conhecimento mais aprofundado a respeito de cada cliente. O banco lançou, recentemente, uma campanha que divulga a abertura, para todo cliente, do volume de dados que possui.

“Vivemos uma situação contraditória, não podemos abdicar da personalização, então nos pareceu justo devolver para o usuário as informações que ele tem”, observou.

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Viviane Vela, do Kolab, hub de inteligência da Coca-Cola dentro da WMcCann, acredita que com o tempo todo o mercado irá se capacitar para atender as regras de privacidade, aprendendo a fazer todas as perguntas, captar informações, armazenar, e usá-las responsavelmente.

André, da In Loco, diz que sua plataforma costuma recusar projetos, dependendo do tipo de informações que o cliente deseja captar. Ele condena, por exemplo, fortemente, as campanhas de SMS, por exemplo.

que é preciso retroceder na coleta de dados, repensar e “voltar algumas casinhas”, pois todos os limites já foram estourados.

“O sucesso de uma campanha pode ser, na sequencia o fracasso da reputação de uma marca. Não é bom arriscar”, afirma.