Fundador da Trope, Luiz Menezes fala

que generalizar hábitos dessa geração é um erro

Consultoria de geração Z, a Trope nasceu pelas mãos de Luiz Menezes, nativo digital de 24 anos, que encontrou uma oportunidade na relação — cada vez mais necessária — entre a marca e os jovens que fazem parte dessa geração.

“Um grande problema cometido pelas marcas é colocar toda a geração Z em uma única caixa, generalizando hábitos de comportamento de milhões de pessoas”, disse.

Recentemente, a Trope fundou o InstitutoZ, braço especializado em estudos de comportamento de consumo da geração Z, feitos pelo olhar de nativos digitais, que Luiz Menezes comenta na entrevista.

Início
Hoje tenho 24 anos, mas gosto de dizer que quando entrei no mercado de comunicação, há 7 anos, já era para trabalhar com bastidores da internet e creator economy, quando esse termo nem existia. Comecei trabalhando em uma produtora de eventos de cultura pop e geek, e aos 16 anos eu já era responsável por fazer toda a curadoria e contratação de convidados e artistas. Foram mais de 300 atrações e 50 eventos organizados. Em 2016, início da minha carreira, ouvi de pessoas mais velhas que trabalhar com internet era loucura, que precisaria me adaptar aos ‘padrões’ do mercado. Entretanto, isso não me desmotivou a iniciar minha jornada empreendedora, e pude em paralelo ajudar a desenvolver a carreira de creators do Instagram e TikTok (na época, Musical.ly), que também estavam começando e não possuíam experiência em como desenvolver relações comerciais.

Luiz Menezes, fundador da Trope: no Brasil, são mais de 51 milhões de pessoas que fazem parte da geração Z (Fotos: Divulgação)

Geração Z
No Brasil, são mais de 51 milhões de pessoas que fazem parte da geração Z, que engloba de jovens de 13 a 27 anos, os nascidos de 1996 a 2010. Com 25% do país sendo composto por nativos digitais, é nítido que planos de comunicação em massa não são eficazes, visto tanta diversidade e pluralidade. Qual geração Z os anunciantes querem impactar, e quais comunidades? Não podemos generalizar toda uma geração, e querer dar voz. Nós já temos voz, só queremos ser ouvidos e considerados nas mesas de tomada de decisão das estratégias de negócios.

Geração Z e as marcas
Alguns fatores costumam ser levados em consideração pela geração Z quando decide se fidelizar a alguma marca: transparência de valores; demonstração de pertencimento sem se autoafirmar; se cometer um erro, assumir e consertar. É menos sobre a marca perfeita, e mais sobre o destaque ao processo. A geração Z hoje é a que mais produz e compartilha conteúdo no mundo, logo vale recordar o motivo: o que mais fez as redes sociais de vídeos curtos crescerem nos últimos anos foi o destaque à vulnerabilidade e à internet como meio de conexão com o consumidor.

O que não falar com a Gen Z
Um grande problema cometido pelas marcas é colocar toda a geração Z em uma única caixa, generalizando hábitos de comportamento de milhões de pessoas. A população brasileira vive em contextos socioeconômicos e educacionais distintos. A faixa etária e geracional é apenas um dos filtros e recortes demográficos, existem outros: gênero, idade, educação, profissão, ocupação, nível de renda familiar e estado civil. E, além disso, o mais relevante: considerar a comunidade que esse recorte está inserido, e quais valores e princípios compartilham entre si. Os mais velhos dessa geração possuem referências e vivências diferentes dos nascidos de 2004 em diante, ou seja, isso só reforça que as marcas precisam enxergar que a gen Z não é uma coisa só ou uma persona única que pensa e age de maneira igual. É importante ter em mente que existem várias gerações Z, e parte dela possuiu, sim, memórias com Xuxa, Castelo Rá-Tim-Bum, Kelly Key, celular de botão e tantas outras  referências ‘millennials’.

Leia a entrevista na íntegra na edição de 13 de novembro de 2023