Associações de produtoras da América Latina terão uma entidade que representará toda a região nas negociações com clientes e agências principalmente de mercados como Europa e Estados Unidos.

A organização, chamada Alap (Associação Latino-Americana de Produtoras), tem o propósito de padronizar modelos referentes à contratos, orçamentos, direitos autorais e conexos, além de modelos de pagamentos. Ela também traz um documento de melhores práticas para filmagens na região. Entre eles, está a definição de pagamento adiantado de um montante entre 50% e 75% do valor total da produção.

A Alap foi anunciada nesta quarta-feira (19) em Cannes, durante o festival internacional de criatividade, após o encontro mundial de produtores World Producer Summit. Inicialmente, ela terá a presença de Brasil, Argentina, México, Peru e Uruguai, mas espera que outros países, como Colômbia e Venezuela, façam parte da iniciativa.

O maior objetivo nos próximos meses é coletar informações sobre esses mercados, referentes à legislação e formas de pagamento, para que um país conheça as regras de produção do outro.

“Precisamos melhorar a comunicação entre os países para termos informações sobre o funcionamento dos mercados latino-americanos, da mesma forma como temos dados sobre Estados Unidos e Europa”, afirmou Leyla Fernandes, presidente da Apro (Associação Brasileira das Produtoras de Obras Audiovisuais).

Segundo ela, a organização pode ajudar as companhias a fazerem frente ao que chamou de “coação” de clientes. Segundo ela, pela falta de informações precisas sobre cada país, negociações têm sido feitas baseadas em dados incorretos e as produtoras perdem força e acabam cedendo. “Queremos acabar com isso. Os critérios para um cliente ir a um país deve ser a busca por uma equipe melhor, por mais eficiência. A negociação não pode ser baseada em dados inverídicos, usados para coação”, disse.

De acordo com Carlos Barrón, presidente da associação de produtoras do México, o mercado de produção globalizado tem levado um grande volume de campanhas para serem filmadas na América Latina e a associação é uma resposta global das produtoras. “Estávamos sendo demandados por empresas dos EUA e da Europa, que sentiam falta de uma unificação de regras”.

Além de proteger as casas de produção, a Alap será uma forma de proteger agências e anunciantes. “Empresas têm regras internacionais e precisam segui-las”, apontou Barrón. “Não queremos que o cliente pense que terá problemas ao ir para os países latino-americanos”, completou Leyla.

Sônia Regina Piassa citou um caso de Coca-Cola, que filmou uma campanha no México com uma atriz e depois teve a profissional contratada para uma campanha de Pepsi em outro país da região. “Clientes globais fazem campanhas regionais e um fato como esse é ruim para o anunciante”, observou.

Em um primeiro momento, a Alap não possui presidente ou estatuto e a gestão será feita pelos diretores-executivos das associações de produtoras de cada país-membro.

A Alap é fundada em um momento em que clientes pressionam os prazos de pagamento para toda a cadeia de publicidade. Nos Estados Unidos, por exemplo, Chrysler e GM afirmaram que irão estender de 15 para 60 dias o prazo para pagar as produtoras. No início do mês, P&G e Mondeléz anunciaram que poderiam demorar até seis meses para remunerar suas agências.

Acompanhe a cobertura completa do Cannes Lions 2013 nos hotsite do propmark.