Dos 19.600 produtos lançados no varejo brasileiro no ano passado, metade chegou para ocupar a categoria premium, aponta relatório da Nielsen divulgado pela Apas (Associação Paulista de Supermercados) nesta terça-feira (8). Entre os lançamentos, 50,3% foram da categoria “high price”, 13% da “medium price” e 36,7% dos produtos chegaram na categoria “low price”. O número de lançamentos é 24% maior que o de 2010.
Segundo o estudo “Tendências do consumidor”, o acesso a novas categorias foi a maior fonte do crescimento do consumo em 2011. As de acesso (46 categorias de produtos como vinho, tintura, cereal matinal e antisséptico bucal) cresceram 54% e representaram 13% do faturamento do setor. Já as maduras (85 categorias, entre elas cerveja, sabão em pó, detergente e margarina), cresceram menos, 46%, e representaram apenas 7,4% da receita dos supermercados. “O novo é a primeira opção dos brasileiros”, destaca o estudo.
O levantamento aponta que, em todas as classes, está em curso um movimento de sofisticação do consumo. Nas classes AB, consolida-se a criação de nichos de valor, com ganhos de escala: produtos como papel higiênico de folha dupla, fralda noturna e sabão líquido são os buscados por esse grupo. Na classe C, é observada a recompra de produtos aspiracionais, como desodorante aerosol e sabonetes bactericida e líquido. Já as classes D e E começam a experimentar produtos aspiracionais de categorias mainstream: iogurtes, xampu e refrigerantes são alguns exemplos. “As classes AB têm o mesmo ritmo de crescimento. O maior movimento do mercado ocorre nas classes mais baixas”, traz o estudo.
Mas, apesar de todo o acesso, ainda há muito a conquistar, reforça o levantamento. Produtos como capuccino, bebida láctea e cream cheese têm penetração anual inferior a 30%, enquanto categorias como suco em pó e margarina têm entre 50% e 70% de inserção nos lares. O modo de aumentar a penetração é consolidar o acesso por meio da recompra e da maior frequência. “Há maior planejamento das compras do que há 20 anos quando havia inflação alta e os brasileiros estocavam suas compras. Agora os gastos são pulverizados ao longo do mês e há mais idas ao supermercado. O ambiente do varejo está mais complexo e há grande competitividade”, afirmou Fátima Merlin, da consultoria Kantar Worldpanel, durante o evento.
O setor supermercadista fechou 2011 com faturamento de R$ 224,3 bilhões, evolução real de 4,4%. Nos últimos seis anos, surgiram cinco milhões de novos domicílios – hoje são 45 milhões de lares no país. O tíquete-médio cresceu 12,8% – passou de R$ 259 em 2010 para R$ 292 no ano passado.