Levante a mão quem alguma vez trocou de canal para não ter que assistir os comerciais: eu! Desde que nascemos somos ‘ad blockers’ profissionais. Na verdade, somos simplesmente ‘blockers’, tentando evitar conteúdos e experiências (seja de marcas ou até de pessoas…) que não nos interessam ou que, às vezes, não queremos receber como imposição, apesar de um interesse que pudesse existir.
Escutamos e lemos muito atualmente sobre o adblock no ambiente digital. O que fazer se esse fenômeno aumentar significativamente? Como engajar uma pessoa que não está disposta nem a ouvir uma palavra ou ver uma cena? Como conseguir essa oportunidade se tem acesso restrito?
O adblock não é nem mais nem menos que a resposta natural de um ecossistema onde os grandes reguladores se chamam democracia, liberdade, autonomia e independência. Não temos que nos espantar. Os motivos para não espantar-se são vários, e é aqui que gostaria de compartilhar o meu ponto de vista.
Os ‘digital adblockers’ representam um nicho. O adblock traz também um trabalho para este público de nicho (de instalação e segurança) e um risco para quem não é um usuário ‘avanzado’ de internet (segurança). A chave? Entender esse perfil de consumidor, não apenas desde um entendimento demográfico, mas, além disso, e principalmente, o perfil motivacional: o que o faz adotar essa atitude?
Também, estes ‘digital adblockers’ não são pessoas que vivem num universo exclusivamente virtual. Existem outras maneiras de impactar esses seres ávidos por evitar a publicidade. A chave provavelmente esteja, de maneira geral, no (a) poder da influência do boca-a-boca ou (b) na capacidade da marca entender os hábitos deste perfil para encontrá-lo no lugar certo, no momento certo. Não podemos esperar que uma única mídia faça o trabalho completo, em todas as pessoas.
Afinal, eles também são seres humanos, e como todos nós, têm necessidades e aspirações. Com certeza, a publicidade tradicional não é canal para criar o interesse, mas branded content pode ser uma solução interessante, tocando em assuntos que consigam gerar empatia.
Por fim, na minha opinião, parece que estes adblockers não representam um desafio tão diferente do resto. Os princípios permanecem os mesmos: conheça o consumidor, seja criativo, e aproveite ao máximo a oportunidade para as pessoas se identificarem com sua marca.
*Business director da Ipsos Connect