A área de RTV tem desempenhado papel cada vez mais estratégico nas agências. A opinião é da diretora de atendimento da Hungry Man, Renata Dumont, que acredita que, apesar do mercado ter mudado muito, com o surgimento de novas mídias, esse profissional “é extremamente importante, já que atua como intermediário entre os fornecedores e a agência e é ele quem entende como funcionam todas as pontas dessa cadeia”.
Renata ressaltou, porém, que algumas agências até tentaram fazer um movimento no sentido de acabar com a área, mas nenhum outro departamento poderia assumir as funções, até pela própria demanda de trabalho.
Já o vice-presidente de criação da Peralta, Mauro Perez, disse que o trabalho do RTV não só não vai acabar como tem crescido e se tornado bem mais abrangente. “Quem atua nessa área é uma espécie de radar, que é capaz de identificar e conhecer os melhores profissionais do mercado para cada projeto.”
O sócio e vice-presidente de criação da Mood, Valdir Bianchi, também reforçou a importância da área e acrescentou seu papel estratégico dentro das agências. “Com a presença cada vez mais forte da internet, não existem mais barreira físicas e todos podem contribuir com ideias e é essa integração que torna o trabalho do RTV cada vez mais relevante.” Outro ponto importante para quem atua nessa área, segundo ele, é ter um conhecimento bem amplo, principalmente sobre as produtoras que atuam nesse mercado para saber qual é o fornecedor mais apropriado para cada iniciativa.
O partner e CO-CEO da BETC São Paulo, Erh Ray, destacou a importância do RTV ter um bom relacionamento com as produtoras. “Nem sempre a equipe de criação tem acesso aos bons profissionais do mercado, é fundamental que, para cada projeto, a agência tenha acesso a novos parceiros.” Além disso, ele afirmou que o profissional de RTV é um gestor e poucos profissionais estão gabaritados para assumir essa posição. “Claro que as agências grandes utilizam mais esse profissional, pela própria demanda do trabalho. Nas pequenas, as funções acabam sendo abrsorvidas por outras áreas.”
Pressão
Para o sócio e produtor-executivo da Sentimental Filmes, Marcos Araújo, dentro de um modelo de negócio baseado em preço e prazo, o profissional de RTV está cada vez mais pressionado entre os departamentos de criação e atendimento. “Ele tem que conseguir conciliar qualidade, prazos e custos, de uma forma que seja boa para todas as partes envolvidas.”
Por isso, de acordo com Araújo, quanto mais preparado ele estiver, mas conseguirá administrar a demanda. O executivo reforçou que, antigamente, não havia tantos canais e a atuação desse departamento era mais restrita, agora estão constantemente diante de novos desafios. Araújo também ressaltou que já aconteceram diversas tentativas de acabar com o RTV, mas sempre foram frustadas, porque o profissional é fundamental dentro da relação com as agências.
Já segundo o diretor de criação da Dentsu, Filipe Cuvero, a maior pressão aconteceu por conta da mudança de comportamento do consumidor. Para ele, toda a agência teve que mudar para acompanhar essa transformação, o que acabou alterando a relação com a marca, criação e, consequentemente, com a área de RTV. Segundo Cuvero, umas das principais mudanças que podem ser observadas é que não existem mais especialistas, as pessoas precisam entender de tudo.
A diretora de RTV da Y&R, Nicole Godoy, também concorda com a importância da área. “Toda produção e entrega de audiovisual passa pelo departamento e, atualmente, este processo não se restringe apenas aos filmes concebidos para TV, mas inclui também a produção, por exemplo, de conteúdo para diferentes plataformas digitais.” Segundo ela, a área tem a grande responsabilidade de viabilizar as ideias da criação e transformá-las em produções, que reflitam de forma positiva o trabalho de comunicação e valorizem as marcas dos clientes.
O profissional de RTV, para ela, funciona como condutor de todas as etapas, já que entende das expectativas da criação e das necessidades do cliente em relação à ideia aprovada e, a partir disso, busca as melhores soluções.
Ela disse também que entre as principais mudanças da área está o surgimento do digital, mobile e “outras telas”. “Em se tratando destas novas mídias, ao mesmo tempo em que existe uma liberdade criativa maior, também é preciso lidar com verbas de produção mais enxutas.” Nicole ressaltou que, por outro lado, a oferta de recursos no mercado aumentou muito, e hoje é possível encontrar uma quantidade enorme de fornecedores de todo tipo, tamanho, preço e oferecendo possibilidades variadas de serviços.
Uma outra questão, de acordo com a executiva, é a atuação das mesas de compras dos clientes, que a área de RTV tem que gerenciar de modo a atender as práticas e exigências de cada uma, equilibrar todos os pontos e não comprometer a qualidade do produto final. “Além disso, hoje muitos clientes entendem e participam mais ativamente das produções, o que torna o ‘quebra-cabeça’ criação-produtora-atendimento-cliente muito mais complexo no trabalho do RTV.”
O presidente de criação da Lew’LaraTBWA, Manir Fadel, contou que já trabalhou com vários profissionais de RTV. “Posso afirmar que são pessoas com conhecimentos muito específicos e diferentes. Hoje em dia, a área de RTV da agência não poderia estar melhor. Contamos com profissionais que possuem a capacidade de fazer acontecer.” Fadel acrescentou que Luzia Oliveira, diretora de RTV, por exemplo, consegue fazer com que grandes campanhas aconteçam em prazo recorde e com qualidade, como foi o caso dos últimos filmes da Friboi e Nissan, respeitando a verba do cliente e as produtoras. “Posso dizer que o RTV é um profissional que consegue amarrar muitas pontas.”