Ação foi idealizada pela Publicis em parceria com a ONG Casarão

Com o objetivo de garantir que a inteligência artificial reconheça e respeite o gênero com o qual pessoas transgêneras se identificam, o Égalitrans – grupo de afinidade de pessoas trans do Publicis Groupe – e a agência Publicis Brasil, em parceria com a ONG Casarão, lançaram “Eu existo”.

O projeto é uma API que tem a meta de treinar o algoritmo dos sistemas de reconhecimento facial.

O cenário atual é de vieses e distorções nessas ferramentas. Seja pela falta de diversidade de gênero no abastecimento de dados das IAs de reconhecimento ou pela ausência de pessoas trans no desenvolvimento dessas tecnologias, as taxas de erros são maiores na detecção dessas pessoas. Isso pode limitar acessos a aplicativos, lugares e exigir verificações de segurança em ambientes públicos, tendo como consequência procedimentos constrangedores em aeroportos, delegacias e outros locais cotidianos.

A API está em fase de desenvolvimento a partir de um banco de dados alimentado pela própria comunidade. Na plataforma do projeto, pessoas trans podem enviar fotos de seus rostos, contribuindo com esse repositório que “educa” quaisquer inteligências artificiais, ajudando na identificação correta de gênero. Quanto mais pessoas participarem do projeto, mais assertiva se torna a API.

Para convidar pessoas trans a fazerem parte dessa mudança, a iniciativa contou com a participação de várias personalidades trans como a dupla de cantoras Vita Pereira e Isma Almeida, as Irmãs de Pau, e o produtor cultural e expoente da cena ballroom Aru Macedo. O desenvolvimento da iniciativa teve também a colaboração da Digital Favela e BR Media.

A colíder no Égalitrans, Yonara Oliveira, ressalta que o projeto é apenas a primeira etapa de uma transformação muito mais profunda. "Este é apenas o início de uma conversa muito importante: queremos um sistema que exclui, segrega e discrimina pessoas? Através dos nossos rostos, nós podemos ajudar a construir uma tecnologia – e uma sociedade – mais inclusiva”, disse.