São os momentos de dificuldade que revelam de fato as virtudes e defeitos dos gestores. No calor da batalha, afloram os comportamentos que vão dar o tom às empresas e determinar de que maneira encaram as crises. Nos últimos anos, a conjuntura tem sido bastante difícil, com a economia cambaleante e empresas de todos os segmentos de atuação vendo-se forçadas a adotar planos de exceção para continuar minimamente saudáveis – muitas vezes, tendo mesmo de “cortar na carne” para se manterem viáveis.
De fato, o contexto corporativo tem exigido que os gestores tomem decisões duras, que acabam afetando seus colaboradores, gerando insegurança na equipe em relação ao futuro e quanto à manutenção de seus empregos. São tempos difíceis para todos, mas em especial para aqueles que estão na posição de dirigir um negócio e fazer a travessia em um mar revolto até dias mais auspiciosos.
Em situações de grande pressão, revelam-se dois perfis diferentes de liderança. Um deles é o que adota como modus operandi o sentimento permanente de insegurança, de medo. Esse tipo de gestor acredita na tensão como forma de manter as equipes em constante estado de alerta, preocupadas em não dar motivos para serem parte da próxima lista de cortes. Cumprir metas e ser competente no exercício da função deixa de ser um objetivo virtuoso para passar a ser um fantasma que assombra a todos.
Esse perfil de liderança faz uso da instabilidade para tirar um pouco mais de todos os que se relacionam com a empresa, inclusive fornecedores. No final, o resultado é que o ecossistema da empresa se torna tóxico, um ambiente em que todos estão trabalhando muito mais para se safarem do que a favor do bem comum.
Eu não acredito que seja possível construir uma rede de colaboração pelo medo, pela insegurança. Até pode existir empresa bem-sucedida que faça uso desse método, mas as mais prósperas de fato são aquelas que geram em torno de si um campo de força positivo, que encorajam e mantêm em todos o ânimo elevado e o sincero desejo de fazer dar certo.
Todos que trabalham com comunicação sabem que a didática do medo é a pior maneira de ganhar a guerra contra a crise, que somente um ambiente que cria um ciclo contínuo de energia positiva faz uma organização ser sustentável no seu negócio no médio e longo prazo.
O segundo perfil de gestor é o que enfrenta as dificuldades promovendo nas pessoas e colaboradores o sentimento de importância e a capacidade de realização. Esse líder sabe que o sucesso é decorrente de um conjunto de ingredientes como conhecimento, consciência da finalidade da função e capacidade de ação.
No entanto, a determinante de maior influência é a autoimagem que temos de nós mesmos, o poder da crença em relação ao que somos capazes. Somos aquilo que acreditamos ser, fazemos aquilo que acreditamos poder fazer. Períodos de crise são cíclicos; em breve, vamos entrar em um novo período de crescimento. Nessa hora é que vamos comprovar que tipo de liderança venceu.