Os resultados da Neogama/BBH passarão, já nos próximos dias, a constar no balanço financeiro do Publicis Groupe. A agência brasileira, na nona posição em 2011 e única entre as 10 no topo do ranking de investimento publicitário do Ibope que não tinha sua maioria societária nas mãos de um grande grupo internacional — ou nacional, no caso da Africa —, passará a ser controlada pela holding francesa, terceira maior entre as de comunicação e marketing, atrás de WPP e Omnicom.

Uma negociação mais efetiva teve início em meados de 2011, mas, até o início deste ano, não havia decolado. Após perceber que Alexandre Gama, presidente e diretor geral de criação e planejamento da agência, além de dono na maioria acionária até então, aceitaria negociar a operação da qual é fundador, outros grupos, como WPP e Dentsu, também fizeram aproximações estratégicas para atravessar o negócio.

O Publicis, porém, se mostrou mais efetivo e está fechando os últimos detalhes na negociação — que, segundo fontes, está sendo intermediada pela Estáter, consultoria que também participou da compra da Talent pelo mesmo Publicis. Entre esta terça (3) e quarta-feira (4), alguns dos principais clientes da Neogama passaram a ser comunicados sobre a aquisição. Procurado, Gama não retornou a ligação da reportagem até a publicação desta nota.

Força tradicional

Se o WPP apareceu com força para adquirir operações brasileiras digitais nos últimos meses, entre elas F.biz, Gringo e, mais recentemente, Foster, o Publicis Groupe demonstrou, no período, força semelhante atrás das poucas agências tradicionais que não eram até então controladas por grupos internacionais.

Em 2011, a holding assumiu 60% do controle da Talent e 70% da DPZ. Já em abril deste ano, foi a vez da Taterka, da qual também adquiriu 60% da operação. Em comum, todas as agências citadas mantiveram seus antigos sócios e principais diretores no comando, em operação praticamente intacta — já que a intenção do Publicis, com tais compras, é de manter a filosofia de cada uma das agências, bem como suas principais contas. O grupo também controla agências como F/Nazca S&S, Leo Burnett Tailor Made e Publcis Brasil no país.

Não há informações, até o momento, sobre qual modelo de gestão será aplicado na Neogama/BBH, nem sobre a participação exata em ações de seus remanescentes ou próprio Publicis Groupe — apenas que sua presença será majoritária. Até então, Alexandre Gama detinha a parte majoritária das ações em suas mãos, com pouco mais de 50%. A rede BBH, que por sua vez tem 49% de suas ações nas mãos do Publicis, possuía 34% das ações da Neogama. Completam a lista de sócio Geraldo Rocha Azevedo e Roberto Mesquita, ambos com menos de 10% cada.