'Publicidade e Arte' vai conversar com publicitários que têm na arte sua segunda carreira; Mauro Paz é autor do livro 'Quando os prédios começaram a cair'
Mauro Paz começou na publicidade ainda em Porto Alegre, cidade onde nasceu, e chegou em São Paulo em 2009. Por aqui, passou pela Isobar, Wunderman, WMcCann, até fundar a Studio Mano.
Mas foi a literatura o assunto principal do episódio que abre a série Publicidade e Arte, que vai ouvir histórias de publicitários que têm nas artes uma segunda carreira — e que seja mais do que um hobby.
Mauro é escritor dos bons, uma voz crítica e necessária na literatura contemporânea. Quando os prédios começaram a cair (Todavia) é o seu trabalho mais recente, lançado no ano passado, que conta a história de Solano que, de repente, vê o mundo desmoronar. Literalmente.
O caos, então, se espalha por todos os países e, principalmente, sobre a vida do protagonista, que, ao mesmo tempo, sofre com o desaparecimento de Georgia, uma mulher que conheceu num aplicativo.
O livro é uma critica a lógica de um capitalismo desenfreado que se sobrepõe a tudo e a todos. É uma distopia, mas — como diz Mauro — não no sentido pesado da palavra. "Para mim, é uma história sobre esperança", diz.
Escute o primeiro episódio da série Publicidade e Arte, no Spotify.
Publicidade é arte?
Publicidade não é arte. Ela bebe bastante da arte, mas não é. É uma forma de comunicar muito específica, que usa dos elementos da arte, e que às vezes se encosta. A arte tem outra finalidade.
‘Quando os prédios começaram a cair’: distopia?
O livro está classificado como uma distopia. Mas, para mim, é uma história sobre esperança. Não é necessariamente uma história tão distópica assim, no sentido pesado da distopia. Eu aceitei já que ele é uma distopia (risos).
Vida nas grandes cidades
‘Quando os prédios’ é um livro que questiona o modo de vida nas grandes cidades. Ele fala também sobre relações de trabalho, fala sobre essa correria que a gente vive, que esgota todo mundo, sobre a construção de uma riqueza que é vazia quando a gente compara com o como isso ocupa nossas vidas.
Alimento para criatividade
Eu gosto muito de fotografia. O livro de contos ‘Por razões desconhecidas’ foi muito influenciado pela fotografia. O primeiro texto chama ‘Minha mãe Florence Thompson’, que é a mulher americana de uma foto bem icônica da crise de 1929. Ela é uma mãe que aparece vendendo os seus filhos. Para o livro novo, que eu estou escrevendo, eu recebi uma foto dos anos 1980, das minhas irmãs com os amigos dela, em cima de uma caixa d’água, onde as pessoas iam para ver o pôr do sol.