Cena de 'Back to start', filme produzido pela Nexus

 

Em um momento em que o digital deixou de ser uma escolha para tornar-se parte do processo de fazer publicidade, o diretor executivo de criação da Nexus, Chris O’Reilly, acredita que o futuro está em como marcas e agências contarão suas histórias utilizando várias telas. O’Reilly é um dos participantes no festival Ciclope, que reúne produtores e criativos até quinta-feira (8), em Buenos Aires.

Em sua participação, trouxe trabalhos da produtora com sede em Londres para marcas como Google, para o qual viabilizou, dentro do projeto “Re:brief”, a retomada do case da Avis “Tell us your story”, e trabalhos para Coca-Cola, como o case “Cascada”, realizado em Quito, Equador. O criativo também falou dos bastidores do filme “Back to start”, desenvolvido para a rede mexicana de fast-food Chipotle, que rendeu à produtora dois Grands Prix no Cannes Lions 2012. A animação narra a história de um fazendeiro que se arrepende de adotar um processo de produção em massa e decide retornar à forma tradicional de produzir carne.

“Foi um projeto incomum. O fundador da Chipotle, Steve Ells, assim como a agência (Creative Artists), voaram para Londres para discutir o filme. Ele havia se arrependido de ter vendido a rede para o McDonalds, em como as coisas foram conduzidas, e a comprou novamente. Esse era o coração da história. Integridade precisava ser trazida para o projeto”, contou. Em 1999, o McDonald’s havia adquirido o controle acionário da Chipotle, mas Ells retomou o controle da empresa em 2006.

O’Reilly também trouxe à mesa debate sobre o storytelling avançado, tema cada vez mais discutido, que pressupõe uma narrativa distribuída em várias telas. “Histórias trazidas em diferentes telas e lugares é o que chamamos de storytelling avançado”, disse. Ele frisou que o importante no momento atual é usar a tecnologia usada de forma relevante e acreditar em seu potencial de melhorar o desenvolvimento do que é feito hoje em dia.

O'Reilly: estamos no ponto de pensar no digital e na criatividadePara ilustrar seu argumento, o diretor executivo voltou ao começo do cinema e fez uma analogia entre os produtores de filme atuais e o mágico e cineasta George Méliès, um dos primeiros a usar efeitos especiais, para lembrar como a tecnologia pode mudar a forma de contar uma história. Os vídeos em preto e branco temperaram a participação da Nexus, uma produtora há 15 anos dedicada a produzir filmes com tecnologia moderna.

Méliès foi um dos que acreditou no cinema quando os irmãos Lumiére decidiram vender suas câmeras, após declararem que não havia futuro para a tecnologia que havia possibilitado o surgimento da grande tela. “Não é uma analogia perfeita, mas Méliès foi o primeiro a fazer a fazer as pessoas pensarem um pouco sobre tecnologia, e acredito que estamos nesse ponto de pensar no digital e na criatividade”, disse O’Reilly.

Atividades

A produtora The Mill também apresentou os trabalhos premiados da companhia de pos-produção. Alistair Thompson fez um retrospecto dos 22 anos de atuação da empresa londrina com os comerciais realizados para marcas como Honda, Levi’s, Nike e Pirelli.

Simons Gosling, da Framestore, vencedora de dois Oscars por efeitos especiais, também mostrou o portfólio de projetos desenvolvidos para empresas como Coca-Cola e McLaren. Na tarde desta terça-feira (6), Duo Evans, da AKQA, falará de criatividade e produção na era digital. Ainda está programado um painel sobre pós-produção e um seminário com a BBDO sobre como manter a qualidade do trabalho publicitário. A programação do festival está no site www.ciclopefestival.com.