Um grande calcanhar de Aquiles das agências é o departamento de criação. Muitas agências sobrevivem sem um grande brilho criativo, mas em todas as situações, chega um momento em que o objetivo é se sobressair na área. Esse é o caso da QG Propaganda, comprada no ano passado pelo Grupo Publicis, que detém 60% da agência – os outros 40% restantes são divididos entre a Talent e Paulo Zoéga, um dos sócios-fundadores e que permanece na operação como ceo.
“Vamos acelerar a área de criação. Temos que assumir uma atitude de maior notoriedade. Ou você ganha Leão em Cannes ou o mercado não te reconhece. Vamos acelerar os investimentos em criação, participando de mais festivais e contratando profissionais. A agência precisa de uma equipe de criação – que é dirigida por Marcello Droopy – maior e sênior. Pretendemos, para os próximos anos, ocupar um espaço criativo que não temos hoje”, diz Zoéga.
A despeito da falta de reconhecimento na área de criação, o executivo afirma que 2011 será o melhor ano para a QG em termos de faturamento. “Vamos ter um faturamento recorde este ano”, reforça ele. De acordo com o último ranking divulgado pelo Ibope Monitor, de janeiro a julho de 2011, a QG Propaganda ocupa a 28ª posição, com faturamento de R$ 353.869.
Prestes a completar 20 anos de existência – a data oficial é em 5 de novembro –, a QG também quer chegar ao topo das 20 maiores agências. Para cumprir a meta, além da ampliação da área de criação, o próximo passo é conquistar grandes contas. “A gente se consolidou como uma agência de médio para grande porte, entre as 30 maiores, e agora o próximo passo é disputar grandes clientes e ficar entre as 20 maiores agências”, conta.
O executivo diz que a QG Propaganda tem uma estrutura eficiente – 75 profissionais – e que está ajustada, após passar por um período de turbulência, com o fechamento do escritório em Porto Alegre recentemente. “Com a saída do Big, tivemos que fechar o escritório. Tivemos, inclusive, que abrir mão de contas locais”, lembra.
Sobre a prospecção de novos negócios, Zoéga comenta que a disputa está bastante agressiva. “As agências estão dependendo de novas contas para impulsionar seu crescimento. A prospecção está muito agressiva. É muito comum ver grandes agências prospectando clientes de pequeno investimento. Mesmo com um escritório a menos, vamos crescer acima da média do mercado, em torno de 15%”.
O ceo da QG Propaganda ressalta que o crescimento da agência, em torno de 15%, tem sido sustentado pelo aumento dentro dos próprios clientes. Segundo ele, um dos grandes trunfos da QG tem sido o trabalho desenvolvido pelo núcleo de varejo. “É uma das áreas que estamos usando para estreitar o relacionamento com os clientes”, destaca.
No núcleo de varejo, a agência desenvolve estudos para apontar tendências de consumo, varejo e novos comportamentos do consumidor. Em alguns casos, faz as pesquisas em parceria com institutos. A última pesquisa realizada pela QG foi sobre a classe C, em parceria com o Instituto CPM Research. “Estudamos o comportamento da classe média e o que isso implica em termos de consumo para nossos clientes. Sempre buscamos identificar algum segmento novo que não esteja sendo percebido por nossos clientes e buscamos temas em comum”, explica Zoéga.
Questionado a respeito do impacto da crise sobre os negócios, o executivo diz que não há efeito. “A gente não sentiu a crise, trabalhamos com planejamento intenso. Teve um cliente que se assustou um pouco, pediu para postergar os investimentos, mas 10 dias depois retomou o plano. Não houve nenhum cancelamento. Não acho que vamos ter redução de investimento consistente, talvez algumas reduções pontuais. Nosso negócio é dependente do consumo interno, e o consumo está crescendo. Apostamos que no ano que vem também não vamos diminuir”, ressalta.
Ele destaca ainda que a QG está pronta para crescer. “Estamos no foco, completamos 20 anos prontos para crescer mais. Eu só aceleraria algumas áreas”. E arremata: “e falta ter uma pegada mais criativa”. Os principais clientes da agência são: Mapfre, Ovomaltine, Serasa Experian, Banco Sofisa, Adria, Arroz Tio João, Grupo Ambipar, CTIS Digital e Ipiranga.
por Kelly Dores