A Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade) reuniu seus integrantes nesta quinta-feira (25), em São Paulo, para novas discussões em torno das conclusões levantadas durante o V Congresso Brasileiro da Indústria da Comunicação, realizado em maio deste ano, além de lançar um livro de 308 páginas que trazem os anais do encontro. Na ocasião, líderes da entidade encabeçada pelo presidente Luiz Lara analisaram o andamento das principais questões debatidas durante o evento, bem como a evolução das conclusões, sob responsabilidade da CCI (Comissão de Continuidade e Implementação), liderada por Orlando Marques.
“Creio que saímos muito mais fortes após a realização do V Congresso. É hora de aproveitarmos para desenvolver nosso mercado de forma ainda mais efetiva, com ética, pertinência e linguagem criativa adequada, sem esquecer que a essência é sempre a qualidade. Caberá a cada um de nós, que somos líderes, construirmos juntos o nosso destino”, analisou Lara.
Ao início das ponderações sobre a evolução das questões desde o V Congresso, foi concluído que um dos temas mais discutidos durante as duas últimas edições do evento continua sendo o de maior preocupação e relevância. “Trouxemos o Nobel da Paz Kofi Annan para falar sobre liberdade de expressão no IV Congresso e, quando começamos a pensar no V, vimos que essa continuava sendo a principal preocupação do mercado — e convidamos Desmond Tutu, outro Nobel da Paz, para a abertura. Agora, conversando com presidentes de outras entidades e amigos do mercado, vemos que o assunto continua nos preocupando — ilustrado por casos recentes como a censura ao Estadão e o que aconteceu com o Google e seu presidente, Fábio Coelho. Como nos ensinaram Annan e o Tutu, esse é um assunto do qual não podemos descuidar nunca, como publicitários, como homens de comunicação e como cidadãos. O preço da liberdade é a eterna vigilância e p ForCom vai continuar tratando desse assunto e discutindo a censura, a liberdade de expressão comercial e o bullying à publicidade”, reforçou Dalton Pastore, presidente do ForCom (Fórum Permanente da Indústria da Comunicação).
Andamento
Segundo Marques, as teses levantadas durante as 13 comissões foram divididas em grupos baseados em facilidade de execução e prioridade, com cinco delas já ganhando estágio avançado até o momento. “A possibilidade de se implementar via Cenp (Conselho Executivo das Normas-Padrão) a tabela dos veículos, por exemplo, está praticamente acertada, em fase de organização para ser anunciada no início de janeiro. Também já estamos no fim da redação da carta discutida na comissão Profissão do Futuro, com a ESPM assumindo a responsabilidade de gerar o documento e compartilhar com todos nós. Sobre propriedade intelectual, o doutor Paulo Gomes (consultor jurídico da Abap) já escreveu um texto inicial e o manual de melhores práticas está praticamente pronto. Quanto aos indicadores de sustentabilidade sugeridos em outra comissão, já temos pronta uma carta apresentando às agências, de forma didática, como implantá-los. Sobre a comunicação one-to-one, a tese já foi transformada em projeto de lei (PL 4060), tramitando no congresso e sob acompanhamento do ministro Milton Monti”, explica o presidente do CCI.
Sobre a última questão, Monti — que esteve à frente da comissão “Comunicação one-to-one: personalização versus publicidade” e preside a Frente Parlamentar de Comunicação — enfatizou a necessidade, por parte do mercado, de acompanhar o processo com grande atenção e proximidade. “A liberdade de expressão é um tema extremamente abrangente e volátil. Nosso projeto tem como meta garantir a liberdade de expressão, comercial e, ao mesmo tempo, preservar a individualidade e privacidade do cidadão. O Ministério da Justiça prepara um projeto extremamente restritivo no que diz respeito às liberdades de utilização dessas ferramentas sociais voltadas à comunicação via internet. É importante que todas as entidades vinculadas ao tema estejam vigilantes, atentas para que essa tramitação possa acontecer dentro dos preceitos fundamentais estabelecidos na nossa propostas e longe daqueles pensados, infelizmente, pelo Ministério”, avalia Monti. “Hoje atuamos no sentido de alertar, elucidar, motivar e convencer nossos colegas sobre a importância da publicidade privada no país, que é irmã siamesa da liberdade de expressão e da democracia, porque não teremos liberdade de imprensa se não tivermos uma publicidade firme, que dê autonomia irrestrita ao editorial dos veículos. Infelizmente vemos, no Congresso Nacional, alguns colegas seduzidos por uma mensagem fácil e equivocadamente vista como politicamente correta, que na verdade vai contra a liberdade. Existe um viés ideológico que tem como intenção asfixiar essa liberdade por meio da publicidade e é nossa missão lutar contra ele”, conclui o deputado.