Isadora Faber, autora da página Diário de Classe, foi uma das convidadas para a conferência do Grupo de Planejamento, “Go Global”, realizada nesta segunda-feira (12), em São Paulo. Ela contou a algumas centenas de planejadores como iniciou sua página e o que aconteceu nos últimos meses.

A menina de 13 anos começou a postar em junho deficiências da escola pública onde estuda, localizada em Florianópolis, e, desde então, vive um clima de animosidade. Ela diz sofrer ameaças e reclama do afastamento dos colegas, mas afirma que não irá deixar de se expressar por meio dos seus posts. “Meus pais me perguntam se quero desistir, mas eu não quero”, contou ela.

Na semana passada, sua casa foi apedrejada e sua avó ficou ferida. Há um mês, ela e seus pais foram parar na delegacia após uma professora registrar um boletim de ocorrência acusando-a de calúnia. “Ela havia dito na sala, depois de ler um texto sobre internet, que quem postava sobre questões da escola era antiético e imoral. Escrevi isso no Diário e ela não gostou”.

Isadora diz que inspirou-se no blog de uma garota escocesa que começou a publicar diariamente fotos da merenda escolar servida durante o intervalo. O desapontamento de Isadora com a qualidade do ensino e da precariedade das instalações físicas de sua escola a levou a criar o Diário de Classe, o qual ela alimenta com posts e fotos. Sua página tem 280 mil fãs e sua iniciativa já inspirou a criação de 100 diários de classe em outras escolas. O relato que ela recebe dos autores das outras páginas é semelhante ao vivido por ela. “Eles sempre reclamam que os diretores desaprovam e colocam os outros alunos contra o autor da página”, disse.

Seus posts geram milhares de comentários e compartilhamentos. Confrontada pelo moderador do painel na conferência do GP com um dos comentários feitos no Facebook, no qual um professor dizia que sua página era uma perda de tempo, Isadora foi breve e tenaz. “Tenho pena dos alunos desse professor que não crê que algo pode mudar”, disse. A jovem estudante afirmou que não se importa com as críticas negativas que recebe. “Para cada uma delas há outros dez comentários positivos”, comparou.

Perguntada sobre o que gostaria de ser no futuro, ela respondeu que pretende cursar jornalismo. “Quero ajudar as pessoas dando informações a elas. Se não fosse a imprensa, ninguém teria visto o Diário e as coisas não teriam mudado”.