Estive no começo do mês no IAB MIXX Conference & Expo, realizado em Nova York.  Com toda a velocidade da informação, da tecnologia (clichê, mas verdadeiro), sinto-me na obrigação de dividir o que aprendi, para que estejamos todos na mesma página, página esta que já não deve ser a mesma de três semanas atrás.

Quero começar fazendo uma pergunta: qual é a melhor maneira de ser criativo? Como fazer diferente? Esta constatação veio de Wasef Andy, gerente das plataformas móveis e emergentes do MEC para América Latina. Segundo o executivo, a única maneira de ser criativo é ser móvel e ele contextualizou o assunto dando números interessantes: hoje temos seis bilhões de telefones celulares no planeta sendo que destes, quase um bilhão são smartphones.

Historicamente, os números são ainda mais surpreendentes, se considerarmos que foram 67 milhões de Macs vendidos em 24 anos, cinco anos para vender este mesmo número de iPods, três anos para alcançar esta marca para iPhones e dois anos para iPad. Dennis Crowley, cofundador do 4Square (que, convenhamos, tem grande propriedade no assunto), revela que as coisas que foram bem-sucedidas na web de alguma forma tem a tendência de migrar para a tela pequena.

O 4Square começou na pequena tela, tendo uma vantagem grande sobre os outros. A ferramenta começou amadurecer como serviço. Os usuários estão participando de forma diferente com objetivo de poupar dinheiro e buscar as melhores dicas de cada estabelecimento. Ficou para trás somente o check-in e a plataforma tornou-se uma ferramenta de sucesso. O lojista que conseguir fazer essa gestão terá um aliado para os negócios, principalmente se constatarmos que há cinco milhões de check-ins por dia no Foursquare.

Randall Rothenberg, ceo do IAB (EUA), iniciou sua participação explicando como a publicidade mudou durante o século e narrou alguns pontos do estudo científico que revela o verdadeiro big bang. Os criativos dominaram o mundo da publicidade por anos. Em seguida, veio o advento da tecnologia, que achava que o segredo era foco nos dados. Mas, segundo Rothenberg, eles estão todos errados. Tecnologia interativa e criatividade estão fazendo campanhas digitais mais atraentes e eficazes do que nunca.

Trabalhando em conjunto para acertar, eles mudaram o zeitgeist. Nesta linha, dá para citarmos cases legais e recentes, nada que foge muito do lugar comum, mas que exemplifica esta integração com base para um resultado criativo. A rede de culinária italiana Spoleto aproveitou uma crítica em vídeo na internet para transformar a sua imagem junto ao público.

Há uns meses, o grupo de atores do “Porta dos Fundos” fez vídeo satirizando a rede.  Os executivos da Spoleto, ao invés de acionarem o departamento jurídico, tomaram uma atitude diferente. Transformaram a crítica em ineditismo. Fizeram um vídeo assumindo a possibilidade de falhas no atendimento e, com a participação dos mesmos atores, mostraram o quanto sabem receber críticas e fortaleceram absurdamente o elo com os clientes e fãs da marca. Uma crítica e uma única tecnologia mudaram para sempre a forma como os consumidores vão enxergar a marca.

Outro case que não pode ficar de fora desta história é o da Red Bull com o salto do espaço. Após cinco anos de desenvolvimento, o austríaco Felix Baumgartner tornou-se o primeiro ser humano a superar a barreira do som em queda livre, atingindo a velocidade de “singelos” 1.342,8km/h (1,24 vezes a velocidade do som) e quebrando outros dois recordes mundiais. Para completar o feito, o evento teve transmissão ao vivo pela internet e quebrou o recorde de audiência da história do YouTube com nada menos do que 8 milhões de espectadores do streamming. Inimaginável, incrível.

Voltando aos assuntos do evento, Marc Speichert, diretor de marketing da L’Oréal (EUA), falou sobre estudo que a marca fez nas casas dos consumidores, pesquisando a alma da família e observando o comportamento para descobrir informações valiosas. Os resultados: consumidores procuram publicidade que os guia e os ajuda a encontrar o que querem e quando eles querem.

Os consumidores são atraídos para publicidade que pode desligar, ou ligar-se aproveitando novas formas para avaliar a informação. O consumidor agora exige: “Você deve respeitar a mim e as minhas escolhas”. O executivo reforça um conceito bem legal: “Uma marca tem que ter relevância para que o consumidor possa perceber valor. Esta mudança está forçando as marcas a ativarem e acelerarem novos modelos de negócio”.

E finaliza dizendo que 50% dos consumidores estão pesquisando marcas online antes de fazer uma compra. “Nunca houve um momento mais fascinante para a comercialização”, finalizou o executivo. Em minha opinião, são estes cases e eventos que pautam o mercado digital, que anseia por novidades, tecnologias e pessoas (principalmente pessoas) ligadas, conectadas, à frente do mercado. É deste tipo de encontro que saem as tendências que marcam a publicidade, nossa carreira e o futuro de tudo que acreditamos.

*André Felix (afelix@adtz.com) é diretor de operações da ADTZ