Na semana que antecede as comemorações de 7 de setembro, repercussões positivas e negativas das mais diversas sobre manifestos cobrando harmonia entre os três Poderes da República, optei por – eu mesmo – publicar este monólogo.
Sinto orgulho de ser brasileiro. Tenho imenso amor pelo meu país e me coloco também no dever de ser um agente de transformações positivas, não apenas um espectador. Me expresso habitualmente através de críticas escritas ou compartilhadas e também espero que a Constituição seja respeitada. Indubitável que deva existir harmonia entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Faz parecer absurdo precisar escrever isso, tão óbvio deveria ser esse equilíbrio vivendo num estado democrático de direito. Ok. Mas quero falar sobre outro poder, grafado em letras maiúsculas: O PODER DE SER.
Eu espero que esta fundamental e universal constituição seja respeitada: a das pessoas. A constituição que somos todos, cada um de nós, a partir do que nos faz feliz, quem desejarmos ser. Nossa origem. História. A composição destas letras talvez seja a mais abrangente possível: LGBTQIA+.
Nesta semana recebi um e-mail em que o remetente é a minha própria empresa, com as seguintes informações: “Prazer, somos a newsletter mais bonita da sua caixa de entrada. Por aqui você receberá links selecionados A DEDO pelo nosso incrível e colorido comitê *LGBTQIA+ com conteúdos que consumimos e pensamos: ‘NOSSA, TODO MUNDO PRECISA SABER DISSO’ E segue o e-mail: “Então, agora você vai saber! Pode ser uma notícia incrível, uma música maravilhosa, algum podcast viciante, uma curiosidade inútil, um meme infame, enfim, o melhor da LGBTQIA+ direto para você”.
Foi uma felicidade tão grande receber essa newsletter. Fiquei emocionado. Eu não havia sido informado sobre a composição desse comitê colorido. Não compartilharam comigo o conteúdo da mensagem para “aprovação”. Toda essa iniciativa, como tantas outras que ocorrem por aqui, nasceu das pessoas que estão e fazem minha empresa ser o que é. Nasceu por elas mesmas ao se sentirem respeitadas em seu jeito de ser e de viver. Suas escolhas. A constituição única, individual de cada uma delas é orgânica e espontaneamente respeitada. Maravilhoso isso.
Por aqui somos em maioria mulheres, inclusive nas cadeiras de liderança e equipe criativa. Dentre os heads, negro e gays. Entre clientes, predominância feminina de suas interfaces diretivas, gerenciais e operacionais de marketing. Em um deles, a CEO é uma mulher: Dra. Jeane Tsutsui. Fantástico.
A correlação desses dois assuntos fez nascer este monólogo, sem precisar ser um manifesto: 1) respeito à Constituição da República Federativa do Brasil e harmonia entre os Poderes; 2) constituição do ser, das pessoas e de seus próprios poderes.
Minha contagiante alegria e orgulho só perdem um pouco o brilho momentâneo ao refletir sobre o tempo obscuro, tenebroso que vivemos em nossa democracia, quando falar do poder igualitário das pessoas não tem a mesma relevância que a óbvia e necessária harmonia entre os poderes constituídos do país. Tão elementar, mas neste momento, tão em risco. Viva o Brasil do poder das pessoas. Todas elas.
Alexandre Bassora é fundador e diretor-geral de Criação da Audaz