Duas semanas atrás, “aconteceu” mais um Cannes Lions. Coloquei “aconteceu” assim, entre aspas, porque o evento na realidade foi realizado apenas na versão online. Já tratei desse fato no meu artigo da semana passada, mas quero reiterar neste texto a minha crise de abstinência de eventos. Eventos com E maiúsculo, daqueles presenciais, com muvuca no credenciamento, com networking rolando…
Entendo perfeitamente a impossibilidade agora, mas não posso conter os efeitos colaterais que esse distanciamento me causam. Tentei acompanhar o rico conteúdo do Lions Live, mas, como disse no meu artigo da semana passada, a experiência está longe de ser a mesma coisa.
Os eventos são muito mais do que um bom conteúdo. As conversas nos intervalos, o networking ampliado, as reações da plateia, a visita às mostras paralelas…
Enfim, imagino que se esse formato tivesse de ser definitivo, teríamos outra coisa, mas não mais o festival consagrado. Por isso que terminei meu artigo sobre o Cannes Lions afirmando que estou contando os dias para a edição de 2021, que, esperamos todos, voltará ao seu normal, presencial.
Antes disso, espero ansiosamente a liberação gradual dos eventos presenciais. Alguns deles, como feiras e exposições, por exemplo, já começam a ser liberados em outros países e estão no radar do governo de SP para a permissão de realização por aqui.
E assim, com o aperfeiçoamento de protocolos, vamos vislumbrando uma retomada que nos tire dessa seca de eventos. Dias atrás fui convidado a participar de um evento híbrido. Foi realizado num hotel próximo a São Paulo.
Usei o transfer cedido pela organização para ir até lá: uma van toda preparada, com o motorista isolado por uma película plástica, álcool em gel e máscara para os passageiros, devidamente separados por bancos sem ocupação. Ao chegar ao hotel, medição de temperatura e testes rápidos de Covid-19. O serviço de alimentos e bebidas igualmente cuidadoso, com itens individuais no coffee break e almoço com pratos prontos, com os convidados se acomodando dois a dois, em mesas originalmente dimensionadas para quatro.
Na hora das palestras, o salão amplo acomodava uma plateia muito menor do que
a capacidade, com separação de mais de 1,5 m entre as cadeiras. Os palestrantes e debatedores, eu entre eles, só tiraram suas máscaras no momento do painel, logicamente guardando uma distância segura entre eles.
Além do público presente fisicamente no local, uma grande audiência acompanhou online. Não foi ainda aquele evento presencial que estamos acostumados, mas já deu para amenizar a síndrome de abstinência que estou acometido.
Para mim, que só no ano passado participei de mais de 50 eventos, a síndrome é verdadeira, acredite! Os eventos fazem falta! Fazem falta a nós, profissionais do setor, mas também à economia, como um todo. Estima-se em quase 13% a participação do setor MICE (Meetings, Incentive, Conferences e Exhibitions) no PIB brasileiro. O ecossistema dos eventos abrange bem mais do que os espaços e os itens intrínsecos à atividade.
As ondas de repercussão econômica dos eventos atingem os sistemas de transporte, hotelaria, bares e restaurantes e muitos outros setores que dependem umbilicalmente das suas realizações para sobreviver. Cada real investido diretamente em eventos gera mais R$ 20 de movimentação econômica.
Os empregos diretos e indiretos passam de 25 milhões. Ah! Que falta fazem os eventos! Por isso que, apesar do momento agudo da pandemia por aqui, não podemos deixar de começar a desenhar o retorno dessas atividades. Com todo cuidado, com muita responsabilidade, mas com coragem e positividade.
Como faz a Ampro, organizando um evento híbrido no próximo dia 14, trazendo, em um dia inteiro, a discussão das principais vertentes do live marketing. É o live marketing mostrando-se pronto para a retomada, que certamente virá. Estejamos preparados!
Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) alexis@ampro.com.br